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Após convite de Piñera, equipe de Bachelet vai investigar denúncias no Chile

Comissária da ONU vai analisar violações de direitos humanos durante repressão aos protestos

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São Paulo e Santiago | AFP e Reuters

Em meio à onda de protestos violentos que assola o Chileuma semana, o presidente Sebastián Piñera decidiu pedir ajuda a uma de suas maiores adversárias na política local: sua antecessora no cargo e atual Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. 

A ex-presidente aceitou o convite do governo, feito nesta quinta (24), e anunciou que irá mandar uma missão para analisar denúncias de violações que teriam sido cometidas pelas forças de segurança contra os manifestantes.

Sebastián Piñera e Michelle Bachelet se cumprimentam durante a cerimônia de posse do primeiro em março de 2018 - Claudio Reyes - 11.mar.18/AFP

O ministro de Relações Exteriores do Chile, Teodoro Ribera, afirmou que os observadores da ONU devem verificar in loco como o estado de emergência declarado pelo presidente no último sábado (19) está sendo aplicado.

Ele fez a declaração enquanto Piñera estava reunido no palácio de La Moneda com aliados da ex-mandatária. Além dela, também foi convidado o diretor para as Américas da ONG Human Rights Watch, o chileno José Miguel Vivanco. 

"A nós interessa a máxima transparência e que sejam feitas todas as salvaguardas necessárias", afirmou Ribera, segundo o jornal chileno La Tercera.   

​Bachelet comandou o Chile por duas vezes (de 2006 a 2010 e de 2014 a 2018), sendo sucedida por Piñera em ambas —a reeleição direta é proibida no país.

Os dois representam lados opostos do espectro político: ela é uma liderança histórica da aliança de centro-esquerda Nova Maioria (antiga Concertação), enquanto ele comanda a coalizão de centro-direita Chile Vamos. 

Ao deixar a Presidência chilena, Bachelet assumiu seu atual cargo na ONU, no qual é responsável por analisar denúncias de violações de direitos humanos em todo o mundo. 

As protestos começaram no início da última semana tendo como alvo um aumento de 3,75% no valor da tarifa de metrô em horários de pico e ganharam força a partir da última sexta (18), quando grupos convocaram os manifestantes a pularem a catraca.  

Piñera até aceitou cancelar o aumento na noite de sábado (19), mas a medida não foi suficiente para conter os protestos.

Assim, os atos ganharam força e as reivindicações aumentaram, com críticas ao governo, ao sistema de aposentadoria, ao aumento da desigualdade e à falta de serviços públicos. 

Os manifestantes atacaram mercados e estações de metrô e praticamente paralisaram a capital —quase todo o serviço público de transporte não funcionou, aulas foram suspensas e parte do comércio fechou.

Foram registrados episódios de incêndios, saques e confrontos em todo o país. 

Ao menos 18 pessoas morreram em decorrência dos protestos e 2.410 pessoas foram detidas (incluindo 200 menores de 18 anos), de acordo com os dados do Instituto Nacional de Direitos Humanos, órgão responsável por monitorar o assunto no país.   

Com a declaração do estado de emergência, os militares foram às ruas pela primeira vez desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990 —é a atuação deles que deve ser analisada pelos observadores da ONU. 

A presença deles, no entanto, não conseguiu parar os protestos. Nesta quinta, muitas lojas reabriram as portas e parte dos ônibus e do metrô já voltaram a circular. E o governo divulgou um balanço que indica que os atos já diminuíram, apesar da realização de um grande protesto na Plaza Itália, no centro de Santiago, nesta quinta. 

O ato foi pacífico na maior parte do dia, mas terminou em confronto entre manifestantes e policiais. Sindicatos convocaram uma novo protesto para esta sexta (25).   

Também está mantido o toque de recolher, declarado pelo governo desde o fim de semana na capital e em outras cidades. Mas ele deverá ser mais curto _outro indicativo da diminuição na força das manifestações.

Desde quarta-feira, quando pediu desculpas em discurso transmitido pela TV, Piñera tem anunciado medidas para tentar conter os atos contra seu governo. 

Nesta quinta, ele foi novamente à TV e confirmou que vai apresentar ao Congresso suas propostas, que incluem diminuição da conta de luz e aumento das pensões. "Eu vou continuar a mandar projetos para jogar um pouco de ar puro nessa agenda social." 

 

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