Estimulado pela Bolívia, Guaidó tenta reacender campanha contra Maduro
Queda de Evo Morales estimula líder opositor a convocar novos atos na Venezuela
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Estimulado pela situação da Bolívia, onde o presidente Evo Morales renunciou após pressão popular e de militares, o líder opositor venezuelano Juan Guaidó tentará neste sábado (16) reavivar a força dos protestos contra o ditador Nicolás Maduro.
Guaidó convocou manifestações, mas a resposta às convocações é incerta após seis meses sem conseguir repetir os grandes atos que acompanharam sua autoproclamação como presidente interino da Venezuela, em janeiro.
A última grande mobilização convocada por Guaidó ocorreu em 1º de maio, um dia após uma fracassada rebelião militar contra Maduro.
Na quarta-feira (13), aliados de Guaidó invadiram a embaixada da Venezuela em Brasília, mas deixaram o local depois de mais de 12 horas.
Uma pesquisa da empresa Datanalisis, realizada de 18 a 25 de outubro, indica que 32% dos entrevistados na Venezuela estão dispostos a protestar para apoiar o líder da Assembleia Nacional, único poder controlado pela oposição.
Com o apoio de cerca de 50 países liderados pelos Estados Unidos, Guaidó disse sentir um "frescor de liberdade" após a renúncia de Evo pressionado por denúncias de fraude nas eleições de 20 de outubro.
Ele traça um paralelo entre a crise boliviana e a exigência da oposição de que Maduro "cesse a usurpação" e que novas eleições sejam realizadas, já que, segundo o opositor, sua reeleição em 2018 foi fraudulenta.
"A solução passa por todos exercitarmos nossos direitos nas ruas com força", repete Guaidó, um engenheiro de 36 anos. De acordo com a empresa Delphos, ele tem 25% de apoio dos venezuelanos.
Até agora, confirmaram participação os sindicatos de trabalhadores, punidos pela pior crise da história recente do país, na qual o salário mínimo (US$ 10,70, cerca de R$ 45) mal dá para comprar quatro quilos de carne devido à inflação que fechará neste ano em 200.000%, segundo o FMI.
"Estamos adormecidos. Veja o que aconteceu na Bolívia. Temos que fazer o mesmo", disse à agência de notícias AFP a administradora Zoraida Rodríguez, 69.
Maduro também pediu aos seus apoiadores que se mobilizassem no sábado e alertou a oposição de que não tolerará uma tentativa de golpe de Estado como a sofrida por Evo.
"Não se enganem, não façam cálculos falsos conosco", disse o ditador de 56 anos. Os protestos contra ele, realizados desde 2014, deixaram ao menos 200 mortos.
Para auxiliar na defesa de seu regime, Maduro ordenou a mobilização das milícias, grupo composto por 3,2 milhões de civis ligados às Forças Armadas.
Agarrando-se ao poder com o apoio dos militares e de Cuba, Rússia e China, Maduro diz que a culpa pela crise interna é das sanções do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Trump advertiu que os protestos na Bolívia enviavam um forte recado aos regimes de Maduro e do ditador nicaraguense, Daniel Ortega.
No entanto, o apoio a Guaidó diminuiu, a ponto de 38% das pessoas que se dizem ligadas à oposição desejarem o surgimento de outro líder, de acordo com a Delphos.
O mandato de Guaidó como presidente da Assembleia Nacional termina em 5 de janeiro. Ele se autodeclarou presidente interino sob o argumento de que este cargo caberia a ele justamente por chefiar o Legislativo.
Embora a maioria da coalizão apoie sua continuidade, um acordo anterior estabelece que a presidência rotativa corresponde a partidos minoritários, alguns críticos de Guaidó e outros em negociações com o governo.
A luta pelo poder pareceu ter acabado em setembro, após o fracasso de um diálogo entre delegados de Maduro e Guaidó, que contou com a mediação da Noruega.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters