Siga a folha

Família de Floyd processa cidade de Minneapolis e policiais envolvidos em morte

Advogado busca compensação para tornar violência policial inviável financeiramente

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Reuters

A família de George Floyd abriu um processo contra a cidade de Minneapolis alegando que o departamento de polícia local tem uma cultura racista e apresenta falhas no treinamento dado aos agentes.

"Essa denúncia mostra o que temos dito durante todo esse tempo: Floyd morreu porque o peso de todo o departamento de polícia de Minneapolis estava sobre o seu pescoço", afirmou Ben Crump, advogado da família, em um comunicado divulgado nesta quarta-feira (15).

Segundo Crump, o objetivo do processo é "estabelecer um precedente que torne financeiramente proibitivo para a polícia matar injustamente pessoas marginalizadas —especialmente as negras— no futuro".

Membros da família de George Floyd durante seu funeral do ex-segurança, em Houston, Texas - Godofredo A. Vasquez - 9.jul.20/AFP

O advogado de direitos civis já representou outras famílias de pessoas negras em casos emblemáticos de violência policial no país. Em seu site, anuncia já ter conseguido ao menos US$ 14,9 milhões (R$ 80,10 milhões) em indenizações para famílias que passaram por esse tipo de situação.

Floyd morreu durante uma abordagem na qual um policial branco usou o joelho para pressionar seu pescoço contra o chão por quase nove minutos. Os quatro agentes foram demitidos e formalmente acusados pelo crime, filmado e compartilhado em redes sociais.

De acordo com a argumentação do processo, os policiais usaram força letal injustificada em uma ação que não representava perigo aos agentes, apesar de terem recebido treinamento específico para esse tipo de abordagem após um caso semelhante ocorrido em 2010.

Na ocasião, dois policiais de Minneapolis usaram uma arma de choque contra David Smith, um homem negro de 28 anos. Imobilizado, ele foi algemado e colocado de bruços, enquanto um dos agentes manteve o joelho pressionado contra suas costas até Smith ficar inconsciente e morrer por asfixia.

Em sentido horário: Derek Chauvin, Tou Thao, Thomas Lane e Alexander Kueng, os quatro policiais envolvidos no assassinato de George Floyd - Minnesota Department of Corrections e Hennepin County Sheriff's Office/Reuters

Os policiais envolvidos naquele episódio não foram criminalmente acusados, mas a cidade de Minneapolis foi condenada a pagar US$ 3 milhões (R$ 16,1 milhões) à família de Smith.

O processo movido pelos parentes de Floyd pede compensações financeiras tanto à cidade de Minneapolis quanto aos quatro policiais que participaram da abordagem.

Derek Chauvin, o policial que permaneceu os quase nove minutos ajoelhado sobre o pescoço de Floyd, foi preso quatro dia após a morte do ex-segurança. Ele responde por homicídio de segundo grau, que na lei brasileira equivale a homicídio doloso.

Chauvin está detido na prisão de Oak Park Heights, considerada a mais segura do estado de Minnesota, sob fiança de US$ 1,25 milhão (R$ 6,6 milhões).

Os outros três policiais que estavam na cena do crime, J. Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, foram denunciados como cúmplices. Eles pagaram fiança e foram soltos.

O assassinato de Floyd, em 25 de maio, transformou-se em protestos contra o racismo e a violência policial nos Estados Unidos.

No início de junho, o Congresso americano começou a debater um projeto de lei apresentado pelo Partido Democrata, de oposição a Trump, para reformas mais profundas no sistema policial.

A proposta previa, entre outras mudanças, a criação de um registro nacional de má conduta dos agentes e a proibição de estrangulamentos e outras táticas de abordagem violenta.

A nova legislação, que dependia da aprovação do Senado, de maioria republicana, e da sanção do presidente, acabou não seguindo adiante.

Uma semana depois, porém, Trump assinou um decreto que estimula novos padrões de operação para a polícia do país —mudanças muito semelhantes ao que os democratas já haviam proposto.

A decisão do presidente, porém, foi considerada fraca porque não obriga a polícia a mudar de conduta. É apenas um estímulo: departamentos que a seguirem terão preferência ao receber recursos federais.

A cidade de Minneapolis, no entanto, irá desmantelar o Departamento de Polícia e criar um novo sistema de segurança pública. O movimento de reforma das forças de segurança reverberou em outras cidades.

Dos EUA, os atos antirracismo se espalharam para países da Europa, da Ásia e da Oceania. O movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) reverberou a partir de outras denúncias de vítimas do racismo estrutural e da violência do Estado.

Um olhar renovado sobre estátuas e monumentos dedicados a pessoas relacionadas ao passado racista, escravocrata e colonialista veio em sequência. Os objetos se tornaram os novos alvos dos protestos.

Imagens de Cristóvão Colombo, de líderes do Exército Confederado —que defendia a manutenção da escravidão durante a Guerra Civil dos EUA—, e de reis europeus foram derrubadas em vários países.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas