Magnata pró-democracia Jimmy Lai é solto em Hong Kong após pagar fiança
Dono do jornal Apple Daily havia sido preso com base em nova lei de segurança
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O bilionário Jimmy Lai, 71, um dos críticos mais ferrenhos ao regime chinês em Hong Kong, foi solto na manhã desta terça-feira (11), após pagar fiança de US$ 38 mil (cerca de R$ 209 mil).
O magnata havia sido preso no dia anterior, sob acusação de conluio com forças estrangeiras, um dos crimes tipificados pela nova lei de segurança nacional para o território, aprovada por Pequim em junho deste ano e que restringe a autonomia da ex-colônia britânica.
Além de Lai, outras nove pessoas foram presas, incluindo seus dois filhos, Ian e Timothy Lai, acusados de conluio e fraude, respectivamente. A ativista Agnes Chow, que fez parte do grupo pró-democracia Demosisto, dissolvido após a promulgação da lei, também havia sido presa, acusada de secessão.
Todos eles foram soltos após pagarem fiança.
Chow disse que as detenções são frutos de perseguição política e acusou o regime chinês de utilizar a nova lei de segurança para reprimir dissidentes. Lai é um dos principais ativistas pela democracia no território, e seu jornal, o Apple Daily, faz críticas frequentes a Pequim.
Após a prisão do bilionário, o periódico afirmou que “continuará a lutar”. “As orações e o encorajamento de nossos leitores e jornalistas nos fazem crer que, desde que haja leitores, haverá jornalistas”, publicou. Junto com o texto, o Apple Daily colocou uma foto de Lai algemado na primeira página.
A tiragem da publicação, geralmente de 100 mil exemplares, foi de 500 mil nesta terça, e filas se formaram em Hong Kong para adquirir um exemplar. O valor das ações da empresa dona do jornal, a Next Digital, subiram cerca de 500% desde a prisão de Lai.
O bilionário passou 40 horas preso. Ao ser liberado, foi recebido por apoiadores que gritaram “lute até o fim” e “apoiem o Apple, uma maçã por dia”, em referência ao nome do periódico.
Na segunda-feira, 200 policiais cumpriram um mandado de busca na Redação do jornal. Os agentes coletaram 25 caixas, e o veículo anunciou que entrará na Justiça para impedir que as autoridades tenham acesso aos materiais confiscados.
Em editorial publicado nesta terça, o jornalista Li Ping escreveu que as prisões foram uma resposta às sanções impostas pelos EUA a autoridades do território na última sexta-feira (7). Com a prisão de Lai, Pequim teria matado "três coelhos com uma cajadada só”. “O governo pôde dar um chilique e mostrar sua fúria, exibir seu poder para o mundo e intimidar a mídia em Hong Kong”, escreveu.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, chamou Lai de patriota após a prisão e disse que "a China eviscerou as liberdades de Hong Kong". Na segunda, o país asiático respondeu às sanções dos EUA, impondo medidas semelhantes a políticos do Partido Republicano.
A China acusa Lai de ser um traidor em razão das suas viagens frequentes a Washington e de encontros com autoridades como Pompeo, nos quais tentou angariar apoio aos atos contra Pequim em Hong Kong.
Em editorial em fevereiro, o jornal Global Times, espécie de porta-voz do Partido Comunista, chamou Lai de “uma força do mal”. O editor do veículo, Hu Xijin, escreveu em uma rede social que as prisões são um sinal de que o governo de Hong Kong, alinhado a Pequim, "não foi intimidado" pelas sanções americanas.
Lai já foi preso duas vezes neste ano, sob acusação de reuniões ilegais, mas essa é a primeira vez que é detido com base na nova lei de segurança nacional.
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