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Senado mexicano aprova reforma que elimina foro especial do presidente

Proposta, lançada pelo atual governo de esquerda, ainda precisa ser votada nos parlamentos dos 32 estados

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Cidade do México | AFP

O Senado do México aprovou, nesta quinta-feira (26), uma reforma constitucional que elimina o foro especial presidencial —a imunidade que impede o chefe do Executivo em exercício de ser processado por crimes comuns durante seu governo.

A reforma, proposta pelo presidente de esquerda Andrés Manuel López Obrador, obteve 89 votos a favor e 23 contra no Senado, depois de ter sido aprovada na Câmara dos Deputados, em setembro.

Por se tratar de uma reforma constitucional, o projeto agora será enviado aos parlamentos dos 32 estados que compõem a federação. Para ser chancelado, requer o voto favorável de pelo menos 17 deles.

A legislação em vigor estabelece que o presidente só pode ser julgado por traição à pátria ou crimes graves de ordem comum.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, eleito em 2018 - 25.nov.2020 - Handout/Reuters

As duas câmaras do Congresso são dominadas pelo partido governista Morena, que conseguiu reunir os votos de pelo menos dois terços dos parlamentares presentes para aprovar a reforma constitucional.

A medida altera dois artigos da Constituição, o 108 e o 111. O primeiro incorporará a ideia de que o presidente poderá ser processado e julgado por traição à pátria, corrupção, crimes eleitorais e qualquer outro delito durante seu mandato. Já o segundo incluirá a previsão de que qualquer acusação contra o chefe do Executivo deverá passar pelo Senado.

Essa segunda mudança provocou críticas da oposição, o Partido Ação Nacional (PAN). "A aprovação para retirar o privilégio do presidente é uma simulação. Se você cometer um crime, não será processado como qualquer outro cidadão perante um juiz. A decisão de processá-lo seria deixada para a maioria dos legisladores. Não engane os mexicanos", escreveu a senadora Xóchitl Gálve no Twitter.

A proposta de eliminação do foro especial do chefe de Estado foi lançada por López Obrador como forma de combater a corrupção e a impunidade, duas das principais promessas de seu governo. Quando estava na oposição, acusou presidentes de corrupção, mas as regras o impediam de denunciá-los formalmente.

O atual presidente também promoveu uma consulta popular, a ser realizada em 2021, para definir se deve iniciar um processo judicial contra cinco ex-presidentes por decisões políticas durante seus governos.

A consulta não é necessária porque a lei permitiria a denúncia dos ex-presidentes, mas López Obrador disse que seu governo só vai promover ações na Justiça com o consentimento dos cidadãos.

Enrique Peña Nieto (2012-2018) foi atingido por escândalos de corrupção praticamente desde a posse. Foi acusado de desviar recursos públicos a campanhas de seu partido, o Revolucionário Institucional (PRI).

Após o fim da administração, processos judiciais levaram em 2019 à prisão de Rosario Robles, que chefiava duas pastas do gabinete de Peña Nieto.

O foro presidencial tem sido uma das questões mais polêmicas no México. Na história recente, apenas um presidente, Luis Echeverría (1970-1976), foi a julgamento acusado de crimes contra a humanidade cometidos em massacres de estudantes perpetrados em 1968 e 1971 por militares e agentes do Estado.

Em 2009, a Justiça exonerou Echeverría, hoje com 98 anos, por não haver provas de sua responsabilidade.

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