O governo Joe Biden decidiu enviar na quinta-feira (20) ao Brasil o primeiro voo de imigrantes brasileiros deportados, ou seja, pessoas que foram detidas na fronteira ao tentar entrar nos EUA sem documento.

Segundo diplomatas envolvidos nas negociações, a previsão é a de que cerca de 130 brasileiros sejam mandados de volta no avião providenciado pelos americanos, mas o número exato só deve ser fechado no dia do embarque. A informação foi noticiada primeiro por O Estado de S. Paulo e confirmada pela Folha.

Há alguns dias, brasileiros detidos na fronteira com o México passaram a relatar a autoridades consulares terem ouvido informações sobre o voo, pedindo mais detalhes, mas ainda não havia confirmação oficial.

Este tipo de voo fretado foi uma marca da política anti-imigração de Donald Trump. As aeronaves contratadas pelo governo americano sob o republicano chegaram a levar brasileiros algemados e em condições questionadas por autoridades diplomáticas e defensores de direitos humanos.

Na campanha, Biden prometeu melhor tratamento para os imigrantes que tentam entrar nos EUA sem documento, mas a imigração acabou se tornando a maior crise que o democrata enfrenta até agora.

Justamente devido à sensação de portas abertas —que o governo americano insiste em dizer que é ilusória—, o fluxo de pessoas que tentam entrar no país de maneira irregular tem aumentado vertiginosamente e já é o maior em 20 anos.

Entre os brasileiros, o número alcançou o pico entre outubro de 2018 e setembro de 2019, quando 18 mil pessoas tentaram entrar sem documentos nos EUA a partir do Brasil. Para tentar frear esse movimento, Trump lançou mão de várias medidas —inclusive restrições devido à pandemia— e incluiu os brasileiros no programa que envia para o México os imigrantes que tentam entrar nos EUA de forma irregular. No país latino-americano, eles esperam pela análise de seus pedidos de asilo, entre outros processos.

Em março deste ano, cerca de 4.000 brasileiros foram capturados ao tentar entrar de modo irregular pela fronteira com o México, segundo dados obtidos pelo jornal The New York Times. ​