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Descrição de chapéu Governo Biden

Sem provas, republicano diz que 40 mil brasileiros entraram ilegalmente nos EUA 'com bolsas da Gucci'

Na TV, senador Lindsey Graham afirma que ricos do Brasil entram pela fronteira com o México com 'roupas de grife'

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São Paulo

Em argumento contrário à facilitação da imigração para os EUA, o senador republicano Lindsey Graham afirmou, sem provas, em entrevista ao canal Fox News, que dezenas de milhares de brasileiros ricos estão entrando ilegalmente no país pela fronteira com o México com "roupas de grife e bolsas da Gucci".

"Tivemos 40 mil brasileiros vindo somente para o setor [de imigração] de Yuma [na fronteira entre o Arizona e o México], indo para Connecticut, usando roupas de grife e bolsas da Gucci. Isso não é mais uma imigração econômica. As pessoas veem que os Estados Unidos estão abertos e tiram vantagem de nós, e não vai demorar muito para que terroristas sejam vistos nessa multidão", afirmou.

O senador americano Lindsey Graham - Kevin Dietsch/Getty Images/AFP

A entrevista ao canal americano conservador foi dada um dia após o Departamento de Segurança Interna dos EUA publicar um memorando com diretrizes sobre o trabalho de imigrantes, em que anuncia, entre outros pontos, que aumentará o cerco a "empregadores inescrupulosos" que exploram imigrantes sem documentos. Graham defendeu que a medida será um incentivo para a imigração ilegal.

Os EUA estão em meio a uma crise migratória, com a chegada de milhares de pessoas pela fronteira com o Texas, questão que repercutiu pelo mundo após as imagens de agentes de fronteira a cavalo usando rédeas para ameaçar haitianos.

Números levantados pelo jornal americano The Washington Post apontam que, entre outubro de 2020 e agosto de 2021, 46,2 mil brasileiros foram detidos na fronteira dos EUA com o México.

De outubro de 2019 a setembro de 2020, esse número havia sido de 17,9 mil —os brasileiros são a sexta nacionalidade mais detida. Não há indícios, porém, de que essas pessoas sejam ricas e cruzem para o país com roupas de grife. No mês passado, uma brasileira endividada morreu sem assistência no deserto após ser abandonada ao tentar cruzar a fronteira.

O pitoresco comentário de Graham virou piada em redes sociais, e o senador republicano foi ao Twitter defender sua posição. Ele reafirmou que, em viagem recente a Yuma, viu "em primeira mão dezenas de brasileiros —bem vestidos, com bagagem cara— que voaram com vistos de turista para Cancún e outros destinos". Segundo o parlamentar. de lá "eles tomaram aviões, ônibus e carros até a fronteira".

"Diferentemente de outros migrantes que viajam por semanas, a bagagem e a aparência dos brasileiros eram parecidas com as de quem está chegando a um hotel", escreveu, antes de chamar o ato de "flagrante abuso do sistema de imigração".

"É também desrespeitoso com o trabalho duro de homens e mulheres do controle de fronteiras que estão virando mensageiros de hotéis de brasileiros de classe média e alta que tentam vir para os EUA. É chocante que o governo brasileiro se recuse a aceitar seus cidadãos de volta."

O Brasil, na verdade, aceitou receber recentemente mais voos de brasileiros deportados, conforme revelou reportagem da Folha. O governo Biden solicitou que o Brasil aumentasse de um para três o número de voos semanais com imigrantes deportados.

O Ministério das Relações Exteriores consentiu em dois voos por semana, mas pediu que os EUA respeitem algumas condições, entre as quais a de que os deportados deixem de permanecer algemados durante o trajeto, como é a praxe atual. O argumento do Ministério das Relações Exteriores é o de que a prática é aplicada mesmo em quem não tem antecedentes criminais ou histórico de atos violentos.

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