Boric determina fim da militarização de área mapuche no Chile
Medida foi iniciada na gestão do ex-presidente Sebastián Piñera em território reivindicado por povos indígenas
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Destacamentos de soldados em áreas ao sul do Chile deixaram o local neste domingo (27), quase seis meses depois de serem deslocados para a região onde ocorrem constantes ataques atribuídos a grupos indígenas mapuches, que reivindicam a devolução de territórios.
A militarização de algumas províncias das regiões de Araucanía e Biobío, cerca de 600 km ao sul de Santiago, foi determinada pelo então presidente Sebastián Piñera em outubro, em meio a um aumento de ataques e assassinatos na área –onde também atuam grupos de defesa a mando de empresas florestais, proprietárias das terras reivindicadas pelos povos indígenas.
Piñera, alinhado à direita, em vários momentos usou a lei antiterrorismo e políticas linha dura para dispersar protestos mapuches. Para os representantes dos indígenas, pessoas que foram detidas nesses enfrentamentos são presos políticos.
A instrução, ratificada dez vezes pelo Congresso, não foi renovada pelo governo de Gabriel Boric, o presidente mais jovem da América Latina, que aos 36 anos assumiu o cargo em 11 de março –e que busca estabelecer diálogo na área, onde vive a maioria das comunidades mapuches.
O fim da militarização "não implica que o governo não tenha preocupação e não tenha a tarefa de garantir a segurança de todos os cidadãos do Chile", disse à imprensa o subsecretário do Interior, Manuel Monsalve, em visita à região.
Quatro dias após a posse de Boric, a ministra do Interior Izkia Siches sofreu uma tentativa de emboscada a caminho da comunidade mapuche de Temucuicui, onde agentes do Estado não têm permissão de acesso. Sua comitiva foi parada, deram-se tiros para o ar, e ela teve de ser retirada.
A falta de diálogo e de soluções provocaram uma escalada de violência na última década na região –onde foi revelada também a atuação de redes de narcotráfico e de grupos de defesa.
Os mapuches, muitos dos quais vivem em situação de pobreza, reivindicam a devolução de terras que ocupavam antes da chegada dos colonizadores espanhóis, e que hoje são territórios espalhados pelo sul do Chile e da Argentina.
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