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Barco com refugiados afunda na Síria e deixa ao menos 34 mortos

Imigrantes, incluindo palestinos e sírios, saíram do Líbano e pretendiam chegar à Itália

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Beirute | Reuters e AFP

Autoridades sírias encontraram 34 mortos e resgataram outras 15 pessoas de um barco de imigrantes que afundou perto da cidade costeira de Tartous nesta quinta-feira (22), informou o Ministério da Saúde.

Segundo os sobreviventes, a embarcação partiu de El Minié, no norte do Líbano, e levava cidadãos de várias nacionalidades. O destino final seria a Itália, de acordo com o Ministério do Exterior de Beirute.

Ambulâncias resgatam imigrantes de barco que afundou próximo a Tartous, na Síria - Saleh Sliman - 22.set.22/Reuters

Samer Qubrusli, diretor-geral de portos da Síria, afirmou que as operações de busca estavam em andamento em condições difíceis, devido ao mar agitado e a ventos fortes.

Dezenas de pessoas na cidade libanesa de Trípoli realizaram um protesto nesta quinta para alertar as autoridades de que haviam perdido contato com um barco carregando dezenas de imigrantes.

O Líbano vive um aumento na emigração, impulsionado por uma das crises econômicas mais profundas do mundo. Além dos libaneses, muitos dos que embarcam eram refugiados da Síria e da Palestina que viviam no país.

O número de pessoas que deixaram ou tentaram deixar o Líbano por mar quase dobrou em 2021 em relação a 2020. Neste ano, aumentou novamente mais de 70% em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo a agência de refugiados das Nações Unidas, a Acnur, informou à agência Reuters no início do mês. De janeiro a agosto, 1.826 pessoas tentaram escapar do país pelo Mediterrâneo.

As principais razões citadas incluem uma incapacidade de sobreviver no Líbano devido à deterioração da situação econômica e a falta de acesso a serviços básicos e oportunidades limitadas de trabalho. Buscam também se reunir com familiares ou conhecidos que já vivem nos países de destino —hoje, a maior parte dos imigrantes tenta chegar ao Chipre.

No último dia 30 de agosto, as autoridades libanesas anunciaram ter interceptado duas embarcações deixando o país. Segundo o governo, traficantes de pessoas cobram o equivalente a R$ 20 mil para a travessia pelo Mediterrâneo.

Os libaneses têm atualmente acesso esporádico a luz, combustível e água. Faltam também medicamentos.

Num levantamento com dados garimpados desde meados do século 19, o Banco Mundial afirma que o Líbano vive uma das piores crises econômicas do mundo. A situação é mais grave do que durante a guerra civil de 1975-1990. O PIB per capita real caiu 37% de 2018 a 2021. A moeda perdeu mais de 90% do seu valor, devastando poupanças. Mais de três quartos dos habitantes vivem em situação de pobreza.

A culpa é de uma classe política corrupta que há décadas tem afundado o país em dívidas, dizem os analistas. O Líbano vinha tomando empréstimos para pagar empréstimos —em resumo, um esquema de pirâmide— e a situação chegou ao limite em 2019, levando a protestos convulsivos nas ruas.

A crise da Covid-19 agravou ainda mais a situação. Parecia não poder ficar pior, até uma explosão no porto de Beirute devastar porções inteiras da cidade em agosto de 2020, matando 218 pessoas e deixando um prejuízo de bilhões de dólares. Causado por negligência, o acidente destruiu os estoques de grãos, agravando a fome.

O Líbano abriga uma vasta população de refugiados. São ao menos 1,5 milhão de sírios, fugidos da guerra civil que assola seu país desde 2011. Em comparação, a população total do Líbano é de em torno de 6 milhões de pessoas. O país é lar também de uma comunidade histórica de refugiados palestinos, que chegaram expulsos por Israel.

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