Putin deixa flores no caixão de Gorbatchov, mas culpa agenda por não ir a funeral
Presidente da Rússia diz ter outro compromisso no sábado, data da cerimônia oficial de despedida do ex-líder soviético
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Com ar solene, Vladimir Putin deixou flores ao lado do caixão de Mikhail Gorbatchov nesta quinta-feira (1º), dois dias depois da morte do ex-presidente da Rússia. O atual mandatário observou o morto por alguns segundos -o caixão ficou aberto, seguindo a tradição russa- e fez o sinal da cruz no estilo ortodoxo antes de deixar o local.
A homenagem desta quinta, transmitida pela TV estatal, substituiu a presença de Putin no próximo sábado (3), dia oficial do funeral de Gorbatchov. Segundo um porta-voz do Kremlin, a agenda de trabalho do presidente não permite que ele vá à cerimônia, o que denota a certa ambiguidade na relação com o falecido.
Putin levou mais de 15 horas após a morte de Gorbatchov para publicar uma mensagem contida de condolências, na qual disse que o ex-líder teve um "enorme impacto no curso da história mundial" e "compreendeu profundamente que as reformas eram necessárias" para enfrentar os problemas da União Soviética nos anos 1980.
Outros líderes mundiais foram mais rápidos em prestar suas homenagens, incluindo a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
A relação entre Putin e Gorbatchov data ao menos da primeira eleição de Putin, em 2000. Gorbatchov considerava necessárias as medidas que ele propunha para colocar a casa em ordem após a confusão que sucedeu o fim da União Soviética. O apoio cessou, no entanto, em 2006, quando o ex-líder passou a criticar o presidente por suas tendências autoritárias crescentes, chamando-o, inclusive, de idiota em um documentário de 2020.
Segundo o Kremlin, a cerimônia de Gorbatchov será organizada com a ajuda do Estado e terá elementos de um funeral nacional, como a presença de uma guarda de honra. O evento será realizado no famoso Salão das Colunas, dentro da Casa dos Sindicatos de Moscou, mesmo local onde o corpo de Josef Stálin foi exposto após sua morte, em 1953.
O funeral será aberto ao público, e Gorbatchov será enterrado no cemitério Novodevichi de Moscou, onde figuras importantes da sociedade russa estão enterradas -entre elas Boris Iéltsin, o primeiro presidente da Rússia e rival político de Gorbatchov.
A cerimônia terá menos pompa em comparação à de Iéltsin; quando ele morreu, em 2007, Putin declarou um dia nacional de luto e, ao lado de líderes mundiais, participou de um grande funeral de Estado na catedral de Cristo Salvador, em Moscou.
A invasão russa na Ucrânia parece destinada a reverter, pelo menos em parte, o colapso da União Soviética que Gorbatchov não conseguiu evitar em 1991.
Sua decisão de deixar os países do bloco comunista do pós-guerra seguirem seu próprio caminho e a reunificação da Alemanha Oriental e Ocidental ajudaram a desencadear movimentos nacionalistas dentro das 15 repúblicas soviéticas, que ele não conseguiu -ou não quis- reprimir.
Cinco anos depois de assumir o poder em 2000, Putin chamou a dissolução da União Soviética de "a maior catástrofe geopolítica do século 20".
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