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Membros de jornal pró-democracia de Hong Kong se declaram culpados para reduzir pena

Ex-funcionários do Apple Daily, asfixiado pela repressão da China, admitem conluio com forças estrangeiras

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Hong Kong | Reuters

Seis editores e diretores do jornal pró-democracia Apple Daily, que deixou de circular há pouco mais de um ano, declararam-se culpados perante a Suprema Corte de Hong Kong nesta terça (22) por conluio com forças estrangeiras, crime punível com prisão perpétua segundo a lei de segurança nacional do território.

Os ex-funcionários do jornal disseram ter apoiado, ao lado do magnata Jimmy Lai, dono do Apple Daily e crítico do regime comunista chinês, solicitações de sanções e bloqueios econômicos de outros países contra a China entre julho de 2020 e junho de 2021.

Funcionário do jornal Apple Daily revisa última edição impressa do tablóide publicado em Hong Kong - Anthony Wallace - 23.jul.21/AFP

Com a admissão de culpa, os ex-membros do jornal podem receber penas mais leves. Alguns deles planejam ainda ajudar a promotoria a condenar Lai, que vai a julgamento em breve, o que poderia diminuir ainda mais suas sentenças, informou o South China Morning Post.

O promotor Anthony Chau afirmou, durante a audiência, que o jornal foi usado como uma espécie de plataforma para defesa de sanções. "Eram artigos que pretendiam fazer apelos e propaganda para defender de maneira direta e ilegal uma agenda política."

Ainda segundo ele, o veículo apoiava que cidadãos participassem de protestos pró-democracia. O Apple Daily sucumbiu à pressão exercida por autoridades honconguesas após a onda de protestos que tomou a região, uma antiga colônia britânica devolvida à China em 1997.

Chau afirmou que os funcionários buscavam dialogar principalmente com EUA, Reino Unido, União Europeia, Canadá e Alemanha para buscar atenção. Ele deu destaque a Washington, que acusou de intromissão em assuntos internos de Hong Kong "ao fazer acusações sem fundamento para minar a prosperidade e a estabilidade locais".

Os que se declararam culpados são Cheung Kim-hung, ex-diretor-executivo da Next Digital, proprietária do jornal, Chan Pui-man, ex-copublisher, Ryan Law, ex-diretor de Redação, Lam Man-chung, ex-editor-chefe, Fung Wai-kong, ex-editor-chefe da versão em inglês, e Yeung Ching-kee, ex-editorialista.

O Apple Daily deixou de circular em 24 de junho de 2021, poucos dias após mais de 500 policiais invadirem a Redação, prenderem cinco executivos e congelarem milhões em ativos, comprometendo a manutenção financeira da empresa. À época, Lai já estava preso por participar de atos contra o regime chinês.

O executivo enfrenta várias acusações sob o guarda-chuva da lei de segurança nacional honconguesa, mecanismo instituído em meados de 2020 para aumentar o certo a opositores e, na prática, encerrar qualquer autonomia que Hong Kong tivesse em relação à China continental.

A medida foi usada, entre outras coisas, para cercear a liberdade de imprensa, com sites sendo retirados do ar por publicar conteúdos sobre manifestações e anseios democráticos da população local.

Lai e suas três empresas se declararam inocentes das acusações de ameaçar a segurança nacional. Alguns dos editores e diretores que se declararam culpados nesta terça devem depor no julgamento do magnata, segundo a promotoria.

As sentenças serão proferidas no final do julgamento, que começará no próximo dia 1º e deve durar 30 dias. A lei de segurança nacional estabelece punições que chegam a prisão perpétua para atos de subversão, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras.

Há cerca de uma semana, 20 organizações ligadas à liberdade de imprensa, entre as quais o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, enviaram uma carta conjunta ao chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, pedindo a imediata liberação de Lai.

No texto, afirmam que Lee, um aliado de Pequim que chefiava a segurança da região no ápice da repressão a atos pró-democracia, disse que protegeria a liberdade de imprensa e a igualaria a níveis internacionais esperados.

"Mas essas promessas soam vazias quando Lai está atrás das grades por seu compromisso com o jornalismo crítico", diz o documento. "Esse jornalismo é essencial para seus esforços de consolidar Hong Kong como um centro financeiro global, para o qual uma imprensa livre e independência judicial são elementos vitais."

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