Descrição de chapéu China Rússia

China e Qatar assinam acordo de 27 anos para fornecimento de gás natural

Gigante energético do Oriente Médio busca ampliar mercado com Guerra da Ucrânia, e Pequim quer diversificar fornecedores

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Doha | AFP e Reuters

China e Qatar anunciaram nesta segunda-feira (21) um acordo de fornecimento de gás natural do país do Oriente Médio para a potência asiática com duração de 27 anos. As duas partes disseram se tratar de um dos acordos mais longos do tipo já estabelecidos.

O anúncio ocorre em meio à crise energética que atinge a Europa após a redução no fornecimento de gás proveniente da Rússia. Sem o mercado europeu, Moscou havia direcionado boa parte de suas vendas para Pequim, importante parceira econômica e estratégica.

Agora, o regime asiático liderado por Xi Jinping demonstra que quer diversificar seus fornecedores.

Saad Sherida Al Kaabi, ministro da Energia do Qatar e diretor da empresa Qatar Energy, durante evento na capital Doha - Karim Jaafar - 31.ago.22/AFP

A estatal Qatar Energy exportará anualmente 4 milhões de toneladas de gás natural liquefeito para a Sinopec chinesa, de acordo com detalhes fornecidos pelo ministro da Energia catariano e diretor-geral da empresa de energia nacional, Saad Sherida Al Kaabi.

O gás terá origem no North Field, um dos maiores campos de gás do mundo, que o Qatar compartilha com o Irã e planeja expandir ao longo dos próximos anos para aumentar 60% sua produção de gás natural. A meta é produzir 126 milhões de toneladas por ano até 2027.

China, Japão e Coreia do Sul formam o principal mercado de gás do Qatar, o maior exportador mundial do produto, cada vez mais cobiçado por países europeus que fogem da dependência russa.

De acordo com o ministro Al Kaabi, estão em andamento mais negociações com países da Europa que desejam maior segurança no fornecimento de gás. Ele afirma que a expansão do North Field será peça-chave para isso. "A insegurança recente levou os compradores a entenderem a importância de ter uma oferta fixa a longo prazo e com preços razoáveis", afirmou, durante entrevista coletiva.

A descoberta, nos anos 1970, da maior jazida mundial de gás natural nas águas catarianas permitiu que o país de 2,7 milhões de habitantes (semelhante à população de Mato Grosso do Sul) se tornasse um gigante energético. De certo modo, o poderio econômico influenciou na escolha do país como sede da Copa —Doha busca usar o evento, iniciado no domingo (20), para se projetar também na geopolítica.

No início do ano, a China também anunciou um novo acordo com a Rússia para receber cerca de 10 bilhões de metros cúbicos de gás por ano por meio de um novo gasoduto, o Power of Siberia 1, ainda em construção. Ele poderá enviar gás da Sibéria até Xangai, cobrindo uma distância de 3.000 km.

Meses depois, em setembro, as estatais russa Gazprom e chinesa CNPC assinaram novos acordos, desta vez para incluir o uso de rublos russos e yuans chineses como moeda de pagamento pelo fornecimento de gás natural, reforçando a aliança energética.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.