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Papa Francisco diz que renunciar ao cargo não deveria 'virar moda'

Declaração feita em conversa privada em viagem à África contradiz falas anteriores do pontífice sobre o tema

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Vaticano | Reuters e AFP

Durante viagem à República Democrática do Congo, no mês passado, o papa Francisco afirmou que renúncias de pontífices não deveriam "virar moda". "Ser papa é um cargo vitalício. Não vejo razões pelas quais não deveria ser assim", disse ele. "Tradições históricas são importantes. Se em vez disso começarmos a nos guiar por boatos, vamos ter que trocar de papa a cada seis meses."

Papa Francisco diante de multidão em missa semanal no Vaticano - 15.fev.23/Vatican Media via Reuters

A declaração, feita numa conversa privada com 82 padres jesuítas congoleses, foi reproduzida pelo jornal La Stampa nesta quinta (16) e representa uma mudança e tanto em relação a falas anteriores de Francisco sobre o tema. O argentino já disse que o aumento da expectativa de vida e os avanços da medicina podem tornar a presença de papas eméritos cada vez mais frequentes na Igreja Católica.

Também reiterou em várias ocasiões que não descarta deixar o cargo caso seus problemas de saúde piorem —ele sofre com uma osteoartrite que afeta um ligamento do joelho direito, já teve parte de um pulmão removido na juventude, tem dor ciática crônica e passou por uma operação no cólon em 2021.

No encontro com os padres congoleses em Kinshasa —numa viagem marcada por fortes comentários políticos—, o papa confirmou que escreveu uma carta de renúncia dois meses depois de ter sido eleito, em março de 2013. Ele havia revelado a existência do documento à imprensa espanhola no final de 2022.

"Fiz isso para o caso de ter algum problema de saúde que me impeça de exercer minha função e não esteja consciente para renunciar", justificou-se, garantindo que o ato não está no seu horizonte.

Apesar de condenar renúncias durante a conversa, defendeu seu antecessor, Bento 16, afirmando que sua saída do cargo foi um ato de coragem. Em 2013, o alemão foi o primeiro papa a abdicar da função em 600 anos, citando uma saúde física e mental frágil. Ele seguiu como papa emérito por nove anos e, segundo pessoas próximas, seguiu lúcido até dias antes de sua morte, em 31 de dezembro do ano passado.

A quase década de Bento como papa emérito foi um dos períodos mais polarizadores da Igreja Católica moderna. Embora Francisco tenha comparado com frequência a convivência com a experiência de ter um avô em casa, um livro de um assessor próximo de Bento expôs rusgas na relação entre os dois.

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