Papa Francisco revela que assinou carta de renúncia em caso de doença

Pontífice, que acaba de completar 86 anos e está há quase dez no cargo, fez declaração a jornal espanhol

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Roma | Reuters

O papa Francisco afirmou que assinou uma carta de renúncia na eventualidade de que seus problemas de saúde o impedissem de desempenhar suas funções como líder da Igreja Católica Romana. A revelação se deu em uma entrevista ao jornal espanhol ABC publicada neste domingo (18).

Papa Francisco reza missa de Ângelus da janela de seu escritório, diante de multidão na Praça São Pedro, no Vaticano - Andreas Solaro/AFP

O pontífice, que completou 86 anos no sábado, reiterou em várias ocasiões que não descarta deixar o cargo caso seus problemas de saúde piorem —ele sofre com uma osteoartrite que afeta um ligamento do joelho direito. Também já teve parte de um pulmão removido na juventude, sofre de dor ciática crônica e passou por uma operação no cólon em julho de 2021.

À época, as declarações motivaram rumores sobre uma possível renúncia de Francisco, algo praticamente impensável antes de Bento 16, hoje com 95 anos, abdicar de suas funções em 2013, naquela que representou a primeira renúncia papal em quase 600 anos.

O jornal ABC perguntou ao pontífice se não deveria haver uma norma para os casos em que um pontífice se vê de súbito impedido de governar, seja por problemas de saúde ou devido a um acidente.

Foi então que Francisco respondeu que assinou sua renúncia assim que foi eleito. "Assinei e disse: ‘Em caso de impedimento por questões médicas ou o que quer que seja, aqui está", disse, acrescentando que os papas Paulo 6º (1963-1978) e Pio 12 (1939-1958) também deixaram documentos do tipo. Ambos morreram enquanto ainda ocupavam o cargo.

Desde os boatos iniciais sobre uma resignação, porém, a saúde de Francisco parece ter evoluído. Ele fez três viagens internacionais no último semestre, para o Canadá, o Cazaquistão e Bahrein, e planeja visitar a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul no início do ano que vem.

Questionado sobre a agenda cheia apesar dos problemas de locomoção —ele usa uma bengala para caminhadas curtas e uma cadeira de rodas para distâncias maiores—, Francisco fez piada. "É que se governa com a cabeça, não com o joelho", disse.

Neste domingo, o papa fez um discurso no quarto e último domingo do Advento do ano antes da tradicional reza do Ângelus na praça de São Pedro, no Vaticano. Usou o pronunciamento para pedir aos presentes que não cedam aos "sentimentos negativos", e sim acolham "as surpresas da vida, incluindo as crises, com atenção".

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