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Seca causou ao menos 43 mil mortes na Somália em um ano, diz relatório da ONU

País do Chifre da África também pode ter 135 mortes por dia devido à crise do clima nos próximos meses

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São Paulo

A seca que atinge a Somália levou à morte cerca de 43 mil pessoas em 2022, mostra um relatório apoiado pela ONU e divulgado nesta segunda-feira (20). Destas, metade, 21.800, são crianças menores de 5 anos de idade.

Há anos, organizações humanitárias alertam para o agravamento da crise climática e social no pequeno país de 17 milhões de habitantes, população similar à do estado do Rio de Janeiro.

Deslocada interna pela violência na Somália segura criança enquanto tenta beber água em uma rua da cidade de Barwaaqo - Feisal Omar - 21.fev.23/Reuters

O relatório afirma que a situação, somada à instabilidade política, às tensões étnicas e à insegurança, tem levado a um aumento da má nutrição no país do Chifre da África.

A projeção para os próximos meses segue igualmente preocupante. O relatório estima que, de janeiro a junho, 135 pessoas podem morrer por dia na Somália como consequência da seca, levando ao número acumulado de mais de 34 mil mortes em apenas um semestre.

Para chegar às cifras, o estudo analisou a taxa de mortalidade na Somália de janeiro a dezembro de 2022 —algo em torno de 0,33 por 10 mil pessoas a cada dia. O índice, então, foi comparado ao de anos anteriores, quando a crise do clima ainda não estava neste estágio, e observou-se que há um excesso de mortalidade, associado à seca.

O estudo foi liderado pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres sob encomenda da OMS, a Organização Mundial da Saúde, e do Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância.

O material afirma ainda que metade da população local necessita de assistência humanitária, algo que apenas piorou após os impactos da pandemia de coronavírus e a alta no preço dos alimentos a nível global, uma consequência, entre outras coisas, da Guerra da Ucrânia.

E o impacto da seca não está igualmente distribuído pelo território banhado pelo oceano Índico. As maiores taxas de mortalidade estão nas partes centrais e a sul do país, como as regiões de Bakool, Bay e Banadir.

As consequências da emergência climática foram agravadas após cinco temporadas de chuva terem volume de água muito inferior ao esperado, o que devastou terras agrícolas e levou à fome generalizada.

A expectativa da ONU é que, com a divulgação do estudo, um dos primeiros a calcular o impacto direto da seca no número de mortes, mais ajuda humanitária seja enviada pela comunidade internacional.

"A OMS vem afirmando de maneira clara que a seca é uma crise de saúde tanto quanto uma crise alimentar ou climática", disse o representante da organização na Somália, Mamunur Rahman Malik. "Estamos correndo contra o tempo para impedir mortes evitáveis."

Em outro comunicado, o ministro da Saúde somaliano, Ali Haji Adam Abubakar, disse que seu país precisa de mais financiamento para alimentos, água potável e serviços médicos. "Do contrário, os vulneráveis e marginalizados vão pagar o preço com suas vidas."

Enquanto isso, o governo central, liderado pelo presidente Hassan Sheikh Mohamud, eleito em 2022 com promessas de estabilidade no país, luta contra os efeitos da crise do clima e da violência.

Com a ajuda de tropas enviadas pela União Africana e nações como os EUA, Mogadício tem colocado de pé uma ofensiva contra o terrorista Al Shaabab, grupo ligado à Al Qaeda. O avanço das forças do governo, que conseguiram recuperar territórios ocupados, levou o grupo a ampliar ataques em áreas civis nos últimos meses.

Com The New York Times

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