Japão tem quase 1,5 milhão de pessoas socialmente reclusas após pandemia
Número de isolados preocupa autoridades, que planejam medidas para conter o problema
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O governo do Japão informou que quase 1,5 milhão de pessoas em idade ativa no país estão socialmente reclusas. Um quinto dos casos é atribuído a pressões desencadeadas pela pandemia de Covid-19.
A maior parte dos "hikikomoris" —palavra japonesa para classificar pessoas extremamente reclusas— começou a se afastar da sociedade devido a problemas de relacionamento e após perder ou deixar seus empregos, segundo pesquisa encomendada pelo governo. E uma parcela significativa (20,6%) disse que a situação foi desencadeada por mudanças no estilo de vida impostas pela crise sanitária.
Os hikikomoris representam 2% da população de 15 a 62 anos no país, de acordo com o estudo, que alerta para cuidados com a saúde mental. Essas pessoas se afastam de todo o contato social e, muitas vezes, ficam anos sem sair de casa. A população do Japão é estimada em 127 milhões.
Os pesquisadores ouviram 30 mil pessoas de 10 a 69 anos. A pesquisa aponta que pouco mais de um quinto dos entrevistados com idades de 15 a 39 anos está isolado há mais de seis meses e a menos de um ano. Mais de 20% disseram ter passado por problemas de relacionamento interpessoal.
Considerando apenas aqueles de 40 a 64 anos, 44,5% disseram que o comportamento foi intensificado por mudanças no mercado de trabalho ou pela perda de emprego. Em seguida, 20% dos entrevistados dessa faixa etária citaram a pandemia como principal motivo para a reclusão.
O Japão não impôs grandes lockdowns, mas a população foi orientada a evitar passeios desnecessários e por longos períodos. Empresas e universidades incentivaram o trabalho e o aprendizado remoto. Houve diminuição de clientes em bares e restaurantes após o governo determinar que os estabelecimentos parassem de servir bebidas alcoólicas e fechassem mais cedo nas fases mais agudas da pandemia.
O Japão retirou as restrições impostas a turistas estrangeiros em julho passado. Não há mais limite diário de entrada, e os turistas agora podem visitar o país por conta própria —antes, só eram permitidas visitas via agências de turismo. Além disso, um visto imposto durante a pandemia deixou de ser necessário.
O número de pessoas que vivem em reclusão preocupa os governantes, que já planejam medidas para conter o problema. Autoridades devem realizar em julho eventos presenciais e no metaverso para que os hikikomori voltem a socializar. O Japão teve uma das menores taxas de mortalidade por Covid-19, mas o número aumentou no ano passado. A baixa imunidade contra a doença e uma população crescente de idosos vulneráveis provocaram aumento nas mortes por coronavírus.
O país tem uma das populações com maior longevidade do mundo, e sua proporção de idosos tem aumentado desde a década de 1950. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 73,7 mil pessoas morreram por coronavírus no Japão até o último dia 29.
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