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Venezuela prendeu mais de mil pessoas desde anúncio de vitória de Maduro

Alinhado ao regime, Ministério Público do país disse que 'não vai ter clemência, vai ter justiça'

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São Paulo

O Ministério Público da Venezuela, órgão alinhado à ditadura de Nicolás Maduro, disse nesta quarta-feira (31) que 1.064 pessoas foram presas desde o anúncio da vitória do ditador nas eleições presidenciais —resultado que, ao ser contestado pela oposição, levou milhares de pessoas às ruas.

De acordo com o Procurador-Geral, Tarek William Saab, os detidos vão ser acusados de envolvimento em focos de violência. "Não vai ter clemência, vai ter justiça", disse Saab enquanto mostrava vídeos de depredação de casas e espaços públicos que afirmava terem sido gravados após o pleito.

O chefe do Ministério Público da Venezuela, Tarek William Saab, fala à imprensa na sede do órgão controlado pelo chavismo, em Caracas - Federico Parra - 29.jul.24/AFP

O Ministério Público também informou a morte de um policial em confrontos no estado de Aragua. Outros 77 agentes de segurança ficaram feridos ao redor do país.

Enquanto isso, a ONG Foro Penal, que acompanha a situação de presos políticos na Venezuela, contabilizava ao menos 11 mortes e 429 prisões de civis diretamente ligadas aos protestos.

A líder opositora María Corina Machado, força política por trás da candidatura de Edmundo González, apresentou um número diferente nesta quarta, de 16 mortes. Ainda afirmou que foram registrados 11 sequestros desde o domingo das eleições.

"Esta é a resposta criminosa de Maduro ao povo venezuelano que saiu às ruas em família, em comunidade, para defender sua decisão soberana de ser livre. Esses crimes não ficarão impunes", disse María Corina.

A líder opositora e González reivindicam vitória nas eleições presidenciais. Pesquisas e análises independentes também vêm apontando que Maduro foi derrotado nas urnas.

O regime ainda não publicou as atas que comprovariam o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) no domingo, segundo o qual Maduro teve 51% dos votos e González, 44%.

Países como Brasil, Colômbia e Estados Unidos pedem a divulgação desses documentos para que a vitória de Maduro nas eleições possa ser atestada. O Palácio de Miraflores afirma, porém, que um ataque hacker ao sistema do CNE impossibilita a publicação deles.

Desde segunda-feira (29), protestos contra o regime em diversas partes do país têm sido recebidos com repressão e violência por parte das forças policiais. O chefe das Forças Armadas venezuelanas, Vladimir Padrino López, disse que há uma tentativa de golpe de Estado em curso contra o regime comandada por "interesses do imperialismo norte-americano".

Jorge Rodríguez, um dos nomes mais importantes do chavismo e presidente da Assembleia Nacional controlada pelo regime, pediu a prisão de María Corina e González por "atos de vandalismo no país". O também radical Diosdado Cabello, outro membro do alto escalão chavista, disse na mesma Assembleia que os dois líderes opositores seriam "acusados perante as autoridades competentes pelo mais graves crimes".

A missão da ONU na Venezuela, que, organizada pelo Conselho de Direitos Humanos do organismo, tem mandato até setembro, manifestou preocupação com o cenário social. Em nota, ela disse ter conhecimento de "grupos de segurança pública e pessoas vestidas como civis que, identificadas inicialmente como membros de 'colectivos', disparam com armas de fogo contra quem se manifesta [contra o regime]".

O tais "colextivos" são grupos de trabalho criados na época de Hugo Chávez (1954-2013), mas que a oposição e alguns especialistas independentes dizem terem se transformado em milícias armadas que atuam à margem da lei para fazer cumprir as ordens da ditadura.

A missão da ONU diz ter informações de atos de violência contra civis em 17 do 23 estados na Venezuela e na capital. Afirma ainda que tem conhecimento de ao menos seis mortes.

Com AFP

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