Fronteira do chavismo
Ainda que a discrição do Itamaraty já tenha se perdido, Bolsonaro deve preservar pilares pacifistas e multilaterais
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Passadas três semanas desde a tentativa orquestrada entre Estados Unidos, Brasil e Colômbia de acelerar a derrocada do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, os resultados têm sido, até este momento, bem distantes do almejado.
Na fronteira, o envio frustrado de duas camionetes com alimentos e remédios doados por Brasília e Washington incentivou atos contra o regime chavista, mas não a ponto de superar o aparato repressivo ou de desencadear uma rebelião militar, como desejavam os três países e a oposição venezuelana.
Para a população local, o saldo foi o assassinato de sete manifestantes por militares chavistas, com o recrudescimento da repressão.
Acrescente-se o fechamento por tempo indeterminado da fronteira com o Brasil, que centenas cruzavam diariamente em busca de refúgio ou mantimentos ausentes das prateleiras venezuelanas. Ademais, elevou-se a tensão entre as Forças Armadas dos dois países.
Como de praxe em regimes ditatoriais, a pressão internacional é usada para justificar ações arbitrárias. O recente blecaute —um problema recorrente na sucateada Venezuela chavista, que desta vez durou vários dias de caos e desespero— serviu de pretexto para mais uma onda de detenções, inclusive de um jornalista.
Diante da fraude eleitoral cometida no ano passado, o governo brasileiro agiu corretamente em reconhecer a legitimidade da Presidência interina do deputado Juan Guaidó, decisão adotada por mais de 50 países, incluindo EUA, Alemanha, Argentina e Reino Unido, entre outras democracias.
O Itamaraty, porém, deveria se afastar da linha mais agressiva do governo Donald Trump, que não tem descartado ação militar.
Endossar uma medida tão extrema contrariaria os princípios da não intervenção e da autodeterminação dos povos, contidos no artigo 4º da Constituição de 1988, além de desencadear consequências imprevisíveis para a região.
A visita do presidente Jair Bolsonaro (PSL) à Casa Branca, marcada para terça-feira (19), tende a ser crucial na definição dos próximos passos contra Maduro.
Ainda que a discrição histórica do Itamaraty já tenha se perdido no caso, que o mandatário ao menos trate de preservar outros pilares da melhor tradição diplomática brasileira —altiva, pacifista e adepta do multilateralismo.
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