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Flávio Figueiredo

Evitar hoje os acidentes de amanhã

Cidades devem cuidar agora de sua infraestrutura

Trecho de viaduto que cedeu na marginal Pinheiros, em São Paulo - Robson Ventura - 30.nov.18/Folhapress

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Flávio Figueiredo

A temporada de chuvas acabou. E esta é uma oportunidade para prevenir acidentes em obras públicas, com seu inevitável cortejo de mortos e feridos, de bloqueios no trânsito, de milionários prejuízos, de redução do ritmo da atividade econômica. 

Com o tempo firme, sem enxurradas e enchentes, é uma boa hora para cuidar da manutenção da infraestrutura de que dispomos. Túneis, encostas, ciclovias e viadutos já nos comprovaram o que deveria ser óbvio: sem manutenção, monitoramento e acompanhamento adequado, os riscos de acidentes são muito maiores. E, nos últimos tempos, muitos cidadãos morreram e outros foram prejudicados das mais diversas formas em razão de ocorrências envolvendo obras de engenharia.

O pior é que parece que as sucessivas administrações não aprendem: logo após as ocorrências, sobram promessas de providências, como se fossem intenções de Ano-Novo. 

No entanto, o tempo se encarrega de levar essas promessas para o esquecimento, e pouca coisa é feita —isso quando simplesmente não se faz nada. Logo se culpa a natureza (“choveu em dois dias o que se previa para um mês”, como se isso desculpasse o descaso com obras que custaram muito dinheiro público), a fatalidade, o destino, a falta de recursos e a falta de mão de obra qualificada —e se promete que, daquele momento em diante, tudo será diferente. Até agora não foi. 

O fato é que os administradores do patrimônio público e da infraestrutura precisam elaborar e apresentar, com urgência, planos de ação, ao menos para as obras mais importantes, para manter em ordem áreas sob suas responsabilidades. Esses planos devem compreender vistorias técnicas, intervenções de emergência e de médio prazo e manutenção, dentre outras providências necessárias.

Acontece que os recursos são escassos, como todos sabemos. Mas boa parte da tarefa de governar é administrar a escassez. É nessa hora que é preciso usar a criatividade.

Por que, por exemplo, não envolver num grande projeto de vistorias e manutenção as universidades e seus alunos? É um pessoal em formação, capaz de multiplicar a capacidade de vistoria e planejamento de manutenção do serviço público, trabalhando sob instruções e supervisão de profissionais experientes, de alto nível. Seria, além de tudo, uma ótima oportunidade para levar aos futuros profissionais os conceitos básicos da necessidade de se cuidar do patrimônio público.

Por que não determinar aos órgãos responsáveis que iniciem imediatamente os trabalhos de catalogação e organização de projetos, cálculos, especificações, memoriais, registros de manutenção e demais parâmetros das obras? Todo esse material é necessário para orientar e fundamentar vistorias, manutenções, monitoramentos e acompanhamentos.

Há muitas outras perguntas a fazer, mas a primeira a ser respondida é básica: queremos que seja feito algo para evitar novas ocorrências? Ou esperaremos de braços cruzados as próximas tragédias e a sequência de desculpas que sempre as sucedem?

Flávio Figueiredo

Engenheiro civil, consultor e conselheiro do Ibape-SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo)

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