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Médicos incertos

Com projeto empacado no Congresso, atenção primária à saúde corre risco em 2020

Ambulância que faz atendimento emergencial em Tingui (BA) - Adriano Vizoni - 27.nov.18/Folhapress

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Dificuldades com transporte e distâncias, más condições de trabalho, pobreza, violência. A longa lista de barreiras enfrentadas pelos médicos responsáveis pela atenção primária nos locais mais desassistidos do Brasil faz com que garantir profissionais que atendam as populações vulneráveis seja um desafio para o poder público há décadas.

Reportagem da Folha mostrou que 45% dos médicos que atuam na zona leste da cidade de São Paulo deixam o posto no primeiro ano. São, na maioria, recém-formados e sem especialização. Conspiram contra sua permanência a vontade que têm de continuar estudando e a oferta de vagas na rede privada, com melhores salários e condições.

Também se observa alta rotatividade em cidades remotas, zonas rurais e aldeias indígenas pelo Brasil. Ela resulta em menor resolutividade de problemas médicos da população e em pouca melhora de indicadores de saúde como a mortalidade infantil.

Aumenta ainda os custos para os cofres públicos, já que o gestor tem de abrir seleções e treinar profissionais constantemente.

O programa Mais Médicos, marca do governo Dilma Rousseff (PT), conseguiu resolver parte desse problema com médicos cubanos, que, no entanto, não tinham alternativas além de ficar em seus postos.

Ainda que resultasse em benefícios à população, o programa está em processo de desmonte pelo governo de Jair Bolsonaro.

A atual gestão propôs o Médicos pelo Brasil, cujo desenho tem o mérito de se aproximar da criação de uma carreira de Estado para a categoria. Oferecendo salários entre R$ 12 mil, durante estágio, e até R$ 31 mil, porém, a iniciativa resulta em custos que ainda não se sabe como serão cobertos.

Pior, a medida provisória que criou o programa em agosto enfrenta dificuldades no Congresso e corre o risco de perder a validade em breve, o que lança dúvidas sobre o atendimento em 2020.

Espera-se que Congresso e governo deem prioridade a resolver esse impasse. Tratando-se de um problema tão antigo e complexo, um retrocesso sairá muito caro.

editoriais@grupofolha.com.br

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