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Desencontro ambiental

Relatos contradizem versão de Salles para reunião que tratou de reserva no Acre

Queimada em área desmatada no seringal Albracia, dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre - Lalo de Almeida/Folhapress

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No comando da área que mais produziu desgaste para a imagem do país neste ano, o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, não parece mesmo preocupado em ao menos salvar as aparências.

Exemplo recente se deu no último dia 6 de novembro, quando Salles reuniu-se com cinco personagens envolvidos em infrações ambientais para discutir as ações de fiscalização na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, conforme noticiou esta Folha.

Do encontro, patrocinado por deputados do Acre, participaram autuados e condenados por desmatamento e grilagem, entre outras transgressões —como ameaçar de morte um servidor do ICMBio, órgão federal vinculado à pasta do Meio Ambiente.

Se a reunião por si só já poderia ser motivo de constrangimento, seu resultado provoca alarme e consternação. Ao final do encontro, conforme relatos, decidiu-se que a fiscalização dentro da unidade de conservação seria suspensa.

Salles, em artigo publicado neste jornal, negou que tal ordem tenha sido expedida. A afirmação do ministro, porém, contradiz as declarações públicas de dois políticos presentes na reunião, bem como a verificação in loco da reportagem —que nos quatro dias que passou no local não se deparou com nenhum fiscal.

A celeuma se dá em torno da reserva mais simbólica do país, criada em 1990, dois anos após o assassinato do seringueiro Chico Mendes.

A unidade já perdeu neste ano 74,5 km² de floresta, um aumento de impressionantes 203% na comparação com os números de 2018 e a maior área da série histórica, iniciada em 2008. A interrupção da ação fiscalizadora, como se intui, tende a contribuir para o agravamento desse quadro.

Não se trata, é mais que evidente a esta altura, de um episódio isolado. Desde seu início, o governo Jair Bolsonaro estimula garimpeiros e madeireiros ilegais, enfraquece o Ibama, criminaliza ONGs, menospreza o desmatamento e vê as regras de proteção ambiental como empecilhos à atividade econômica, em especial a ruralista.

Colheu-se com isso o aumento de quase 30% do desmate amazônico e um desgaste internacional que ameaça o próprio agronegócio.

editoriais@grupofolha.com.br

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