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Tropas no Congresso

Presidente de El Salvador cria mais uma ameaça à democracia na América Latina

Homens do Exército de El Salvador montam guarda no Congresso do país - Alexander Peña/Xinhua

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Foi uma cena digna dos piores momentos da América Latina. Acompanhado de policiais e militares com roupas camufladas e armados com fuzis, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, encenou, no domingo (9), uma invasão grotesca do Congresso de seu país.

Depois de ocupar a cadeira do chefe do Legislativo e fazer uma oração em frente aos deputados ali presentes, o mandatário deixou o recinto e se reuniu com uma multidão de apoiadores que o aguardava do lado de fora do prédio.

Diante deles, dirigiu um ultimato aos deputados, os quais chamou de sem-vergonha e acusou de não trabalharem para o povo: teriam uma semana para aprovar um empréstimo de US$ 109 milhões que o governo salvadorenho demanda com vistas à compra de equipamentos para o Exército e a polícia.

Ex-prefeito da capital do país, Bukele vem se notabilizando tanto pela retórica populista e messiânica como por demonizar os adversários políticos e atacar a imprensa. Foi eleito no início de 2019 com uma campanha feita por meio de redes sociais e pautada pela defesa da moralidade na administração e pelo combate ao crime.

Vem, aparentemente, obtendo sucesso no último objetivo. Considerado um dos países mais violentos do mundo, El Salvador chegou a ostentar, há alguns anos, uma taxa de mais de 100 homicídios por 100 mil habitantes (cerca de quatro vezes o índice brasileiro de 2018).

Segundo o governo, o número de assassinatos caiu quase 60% após a entrada em vigor do programa de combate às facções armadas que dominam parte do território.

Para dar continuidade ao seu plano, Bukele negociou um empréstimo internacional para modernizar as forças de segurança. Mas o Parlamento, de larga maioria opositora, vinha postergando a aprovação do financiamento. 

Na última quinta, o presidente convocou para o fim de semana uma sessão extraordinária do Congresso, com o objetivo de aprovar a ajuda externa. Alegando não haver explicação para o uso dos recursos nem justificativa para a convocatória, a maioria dos deputados não compareceu à sessão. 

Foi a deixa para o mandatário declarar o Congresso em desacato e conclamar a população a se insurgir contra os parlamentares. Estes, por sua vez, acusam o presidente de tentar um golpe de Estado.

Embora seja cedo para conclusões definitivas a respeito desse cenário inflamado, parece evidente que a ação autoritária e personalista de Bukele, ao afrontar a separação dos Poderes, cria mais uma ameaça à democracia na região.

editoriais@grupofolha.com.br

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