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Bolsonaro e a crise

País precisa mitigar efeito do choque econômico, que presidente parece ignorar

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O presidente Jair Bolsonaro visita o estúdio do pintor Romero Britto, em Miami - Alan Santos/PR

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O mergulho dos preços do petróleo, gatilho para desvalorizações acentuadas dos maiores mercados acionários nesta segunda (9), vai completando o quadro de crise econômica global, algo que não ocorria desde o final da década passada.

Pela primeira vez na história moderna, a China figura no epicentro do abalo internacional. O gigantismo que atingiu nas cadeias de suprimento industrial, no consumo e até no turismo faz-se notar mundo afora no momento em que o país asiático é obrigado a reduzir bruscamente sua atividade a fim de combater uma epidemia viral.

As ondas recessivas que se difundem a partir do engasgo chinês são reforçadas pelo espalhamento dos casos de covid-19, o que vai inibindo a circulação de pessoas, serviços e mercadorias e pressionando sistemas de saúde globalmente.

O Brasil já começa a sofrer esses choques, seja porque é importante parceiro comercial chinês e grande fornecedor de alimentos e minério para o mundo, seja pela expectativa de impacto direto do novo coronavírus sobre a população e a atividade econômica brasileiras.

Quanto ao arsenal de defesa contra solavancos externos, o país está desfalcado de capacidade fiscal. Em razão dos desvarios cometidos também a pretexto de mitigar efeitos da crise de 2008-9, a dívida pública explodiu e grandes déficits federais se tornaram recorrentes.

Por outro lado, a taxa de juros de curto prazo decidida pelo Banco Central está nas mínimas históricas e, diante da perspectiva de queda no preço dos combustíveis, em tese poderá ser reduzida ainda mais —até o momento em que a elevação do dólar, seu efeito colateral, pesar nas expectativas da inflação, o que ainda não ocorre.

Um estoque respeitável de reservas cambiais também permite ao BC tentar evitar oscilações bruscas na cotação da moeda americana.

Toda a política econômica de resposta à tormenta externa deveria se voltar a essa estratégia de mitigações. Crises globais, inclusive as mais violentas, são passageiras, mas podem deixar sequelas duradouras se forem mal administradas pelas autoridades responsáveis.

Para isso, é imprescindível que o Executivo coordene-se com os outros Poderes, em especial com o Legislativo, em torno das medidas emergenciais e estruturais a serem tomadas. A atual algaravia, em que o ministro Paulo Guedes (Economia) se aproveita da crise e empurra os custos para o Congresso, não vai levar a nada construtivo.

O presidente da República, que age como se não fizesse ideia do que ocorre no mundo, também colaboraria se deixasse de semear discórdias e insuflar as suas falanges. Já que a incompetência do Planalto parece insanável, que ao menos haja esforço pelo entendimento.

editoriais@grupofolha.com.br

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