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Pobre Líbano

Explosão agrava crise do país e revolta popular; o Brasil deve prestar ajuda

Prédio destruído em Beirute três dias após a explosão no porto da cidade - Patrick Baz/AFP

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A violentíssima explosão que assolou a capital do Líbano na terça-feira (4) produziu um rastro de destruição geralmente só observado após grandes catástrofes naturais, como terremotos ou furacões.

Aproximadamente metade da cidade de Beirute foi destruída ou danificada. A região portuária, epicentro do desastre, ficou completamente aniquilada. O número de mortos já ultrapassa 150, e o de feridos, 5.000, enquanto as buscas prosseguem entre os escombros. Nada menos que 300 mil pessoas perderam suas casas.

A tragédia, contudo, nada teve de natural. Ao que tudo indica, resultou de incrível negligência das autoridades locais, que permitiram que uma carga de 2.750 toneladas de nitrato de amônio —um explosivo altamente potente— ficasse armazenada no porto sem maiores cuidados nos últimos seis anos.

Tamanha incúria se soma ao descaso das principais lideranças políticas do país, as quais, dois dias depois do ocorrido, ainda não haviam visitado as áreas devastadas. A combinação de fatores despertou a fúria da população, que tomou a forma de protestos de rua contra o governo e saques.

Mas a catástrofe e seus desdobramentos constituem apenas parte das causas da revolta popular. Esta vem sendo cevada desde o ano passado, quando se descobriu um esquema fraudulento envolvendo o banco central e instituições financeiras para tentar administrar a cotação da libra libanesa.

O resultado foi o derretimento do mercado de câmbio, encarecendo produtos e mergulhando o país em crise econômica. Em outubro, gigantescas manifestações contra o establishment político derrubaram o então primeiro-ministro.

Hoje o Líbano está entre as nações mais endividadas do mundo; a taxa de desemprego ronda os 25%, e um terço da população vive abaixo da linha da pobreza.

Com os danos provocados pela explosão estimados em alguns bilhões de dólares, o país precisará de apoio externo para se reerguer. Países como França, Alemanha, Turquia, Rússia, Qatar e Irã já anunciaram o envio de ajuda.

O Brasil, onde reside a maior comunidade libanesa do mundo, também tem um papel a desempenhar, e o presidente Jair Bolsonaro se comprometeu a agir.

Por maior que seja a solidariedade internacional, entretanto, ela só aliviará parte da tragédia. Curadas as feridas mais recentes, haverá longo caminho para que o Líbano supere o caos político e econômico gestado nos últimos anos.

editoriais@grupofolha.com.br

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