Nos jardins e na cozinha do Brasil
Trabalhadores do Palácio da Alvorada estão no centro do documentário que César Charlone finaliza para estreia em 2022
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Um grupo de varredores dos jardins do Palácio da Alvorada se senta à sombra, em um momento de descanso, para jogar dominó e zombar dos colegas enquanto, em uma das tardes mais tensas da história recente do Brasil, o Senado decide para quem essa cuidada planície verde adornada de paus-brasil e sibipirunas seguirá sendo preservada.
No dia do impeachment de Dilma Rousseff, o fim da jornada desses trabalhadores teve um elemento extra de brincadeira: as colegas sugeriam ou gritavam cantadas —de dentro do ônibus que as levaria de volta para casa— aos policiais que, para evitar confrontos entre manifestantes, ocupavam as imediações da zona residencial da Presidência.
As jardineiras do poder —com suas pequenas alegrias e grandes dramas cotidianos, unidas entre risos e silêncios pela descrença em uma casta política da qual se encontravam apenas artificialmente próximas— estão no centro do documentário que César Charlone finaliza para estreia em 2022.
Com a memória coletiva de 2016 ainda em carne viva, o realizador (indicado ao Oscar pela fotografia de "Cidade de Deus") se debruça também sobre 2018, outro ano que não acabou.
O cineasta sai dos jardins do Alvorada e, em outro projeto documental, entra na cozinha das eleições que conduziram Jair Bolsonaro ao Planalto.
Naquele momento, sua câmera captou também os bastidores da decisão do PT de transformar Fernando Haddad em candidato do partido, como substituto de Luiz Inácio Lula da Silva, depois que o ex-mandatário foi afastado da corrida presidencial e a 25 dias do primeiro turno.
Com uma equipe de premiados roteiristas e embalado por trilha sonora pensada para refletir a diversidade musical do país —sob a batuta de Alê Siqueira—, o documentário quer convidar a pensar sobre "o que aconteceu com o Brasil" e conjugará realidade e animação, ironia e algo de humor, para oferecer um retrato do curto-circuito que chamamos de nação.
Denise Mota é jornalista há mais de 20 anos, com mestrado pela USP, e autora do livro "Vizinhos Distantes: Circulação Cinematográfica no Mercosul" (ed. Annablume). Vive no Uruguai
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