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Israel à deriva

De volta ao impasse político, país parlamentarista terá a 5ª eleição em 3 anos

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O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett - Abir Sultan/Reuters

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O fantasma da instabilidade voltou a assombrar a política de Israel. No poder desde junho de 2021, a improvável coalizão que encerrou o poderio de 12 anos do ex-premiê Binyamin Netanyahu anunciou, na segunda (20), a intenção de dissolver o Parlamento, levando o país ao mesmo impasse do qual, a duras penas, conseguira sair há um ano.

A decisão, que deve ser concretizada até o fim deste mês, fará com que os israelenses revisitem um roteiro bem conhecido nos últimos tempos —eleições, e nada menos que a quinta em três anos.

Formada por oito partidos e agora no fim, a aliança uniu oponentes de um vasto arco ideológico, da ultraesquerda à direita nacionalista, passando pelo centro. Incluiu ainda a primeira legenda árabe independente a integrar o governo.

Se apenas fruto da diversidade social ou sintoma da disfuncionalidade política do país, o fato é que a heterogeneidade do arranjo acabou se tornando sua ruína.

Verdade que, em sua curta existência, a coalizão logrou tirar o país do estado de paralisia em que se encontrava, ao ser capaz, por exemplo, de aprovar um novo Orçamento —o primeiro em mais de três anos— e de preencher cargos administrativos vazios há muito.

Sua fragilidade era evidente, porém, com diferenças irreconciliáveis entre seus membros em temas como a questão palestina, a relação entre religião e Estado e os direitos da minoria árabe em Israel.

O governo vinha claudicando desde abril, quando a maioria que detinha no Parlamento desfez-se após a defecção de membros da direita nacionalista.

No começo do mês veio o tiro de misericórdia. Membros árabes da coalizão se recusaram a votar projeto que renovava a proteção legal dada a colonos judeus na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967. Diante do impasse, o premiê Naftali Bennett e o chanceler Yair Lapid optaram por chamar novas eleições, provavelmente em outubro.

Nesse cenário incerto, aventa-se até a possibilidade da volta de Netanyahu ao poder, mas seus problemas na Justiça tendem a afastar possíveis aliados.

Seja qual for o desenrolar, a volatilidade da política israelense é exemplo eloquente dos obstáculos à governabilidade que, em anos recentes, têm atingido também outros países parlamentaristas —e demonstra, mais uma vez, que a superioridade teórica desse regime na solução de crises nem sempre se verifica na prática.

editoriais@grupofolha.com.br

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