Siga a folha

Descrição de chapéu
Oded Grajew, Chico Whitacker e Luiz Marques

No momento mais crítico da Amazônia, é urgente lutar por sua conservação

Floresta é condição essencial para o futuro da humanidade

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Oded Grajew Chico Whitacker Luiz Marques

Em Belém, entre os dias 28 e 31 de julho, terá lugar a 10ª edição do Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa). Congregando associações e movimentos sociais dos nove países amazônicos, o encontro contará com participação ativa também de organizações de todos os continentes.

A iniciativa deste fórum remonta a 2002, mas se consolida quando da 9ª edição do Fórum Social Mundial (FSM), realizada em Belém em 2009. O FSM nasceu como uma resposta democrática ao Fórum Econômico Mundial de Davos e ao longo de mais de 20 anos de atividades e de encontros anuais vem fortalecendo seu chamamento à ideia de que um outro mundo é possível.

Canoa navega pelas águas do rio Moa, no Parque Nacional da Serra do Divisor, na cidade de Cruzeiro do Sul, (AC) uma das áreas com maior biodiversidade da Amazônia - Lalo de Almeida/Folhapress

A 10ª edição do Fospa retoma essa convocação: uma outra Amazônia é possível, e mais que nunca necessária, pois sua floresta e suas civilizações encontram-se no mais crítico momento de sua história.

Entre 2004 e 2012, as taxas de desmatamento amazônico diminuíram em mais de 80%. Desde então, voltou a crescer, atingindo números brutais sob Bolsonaro. Entre 2019 e 2021, o Inpe registrou a remoção de 34.215 km² de floresta primária na Amazônia. Uma área de floresta bem maior que a do estado de Alagoas (27.768 km²) perdeu-se para sempre em apenas três anos.

De aliada no combate à emergência climática, a floresta está morrendo e se convertendo em fonte de carbono, acelerando o aquecimento global.

É imperativo deter a devastação e restaurar a floresta. De imediato, superado o desastre Bolsonaro, é preciso restaurar a governança na região. Em 2021, a taxa registrada de mortes violentas intencionais no Pará chegou a 32,5 por 100 mil habitantes e a 41,7 no Amapá, quase o dobro da média nacional (22,3).

O Fospa conclama a sociedade brasileira e a comunidade internacional a despertarem para a centralidade planetária da Amazônia. Trata-se da região biologicamente mais rica do mundo. Dos 17 países megadiversos do planeta em espécies endêmicas, 5 são amazônicos. O Brasil está no topo dessa lista global.

A biodiversidade não é apenas o encanto que precisamos preservar. Da conservação da floresta e de sua biodiversidade depende nossa viabilidade como sociedade. Como reiteram Antonio Donato Nobre e outros cientistas do Inpe, as regiões ao sul da floresta amazônica seriam propensas à desertificação, não fosse o aporte de massas de vapor de água, os chamados "rios voadores", provenientes da floresta. Sem ela, a chuva no Sudeste brasileiro continuará a se reduzir, pondo em risco a agricultura, os reservatórios das hidrelétricas e mesmo o abastecimento de água.

A Amazônia que queremos é também aquela que conta com a admiração de todos por sua riqueza civilizacional. É imensa a força da cultura material e simbólica dos povos que a habitam imemorialmente e que conservam ainda cerca de 50 das 125 línguas isoladas no mundo.

Do coração da Amazônia virá em breve, novamente, o apelo do Fospa, a que devemos todos responder, pois a conservação desse imenso patrimônio natural e civilizacional é condição sine qua non da estabilidade do clima, da conservação da biodiversidade planetária e, portanto, da sobrevivência do projeto humano.


TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.​ ​

Oded Grajew

Idealizador do Fórum Social Mundial, é presidente emérito do Instituto Ethos e conselheiro do programa Cidades Sustentáveis e da Rede Nossa São Paulo

Chico Whitacker

Arquiteto e ativista social, foi secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz

Luiz Marques

Professor colaborador do departamento de História da Unicamp

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas