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Ao pregar alternância de poder na Venezuela, Lula ensaia inflexão que soa frágil

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL) durante evento em São Paulo - Marlene Bergamo/Folhapress

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"Defendo alternância de poder não só para mim. Desejo para a Venezuela e para todos os países. Não há presidente insubstituível. O Brasil vai tratar a Venezuela com respeito." A assertiva, proferida pelo presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), encerra em si uma novidade e uma chave de compreensão.

É salutar enfim ouvir o ex-presidente brasileiro apoiar princípios democráticos na ditadura vizinha, após quase duas décadas de defesa intransigente do regime chavista.

O país no Caribe tinha excesso de democracia, chegou a dizer Lula quando titular do Planalto, em 2007. Assim, ainda que chame opositores de Nicolás Maduro de impostores, um direito seu que contradiz o discurso de respeito universal a resultados eleitorais, fica a sugestão de uma inflexão.

Para inglês ver, no caso, quase literalmente: a plateia de Lula na segunda-feira (22) era composta por jornalistas a serviço de órgãos de mídia internacionais. Já o trecho asseverando que o "Brasil vai tratar a Venezuela com respeito" indica o mais do mesmo do pensamento de política externa do PT.

Nos anos de Lula no poder, a autonomia possível e desejável na arena externa foi muitas vezes confundida com antiamericanismo pueril.

Pior, o amor sincero por ditaduras de esquerda, a começar pela romantizada Cuba castrista, virou política de Estado em ocasiões.

Quando as botas de soldados cubanos pisaram sobre manifestantes nos inauditos atos de 11 de julho de 2021, Lula preferiu dizer que o problema estava nos EUA, comparando a repressão insular a episódios de violência racial americanos.

São incontáveis os exemplos de tal visão tortuosa, ditada, sim, por afinidade ideológica —ainda que seja bastante claro que o antípoda do líder petista, Jair Bolsonaro (PL), provou-se no poder ser muito mais chavista do que o rival.

Numa visão otimista, um Lula de volta ao governo deixaria tais arroubos esquerdistas para o campo da retórica. Pode ser, mas a sequência de declarações do ex-presidente nesta fase da campanha tem deixado pistas de um outro caminho.

No mesmo dia em que ponderou sobre a Venezuela, o ex-presidente também afirmou que o Itamaraty e as Forças Armadas são órgãos de Estado e que, por isso, "serão aquilo que o governo quiser que seja".

Tal grau de incompreensão do arcabouço institucional é incompatível com a estatura pública de Lula, ainda mais quando ele ocupa a dianteira da corrida eleitoral.

editoriais@grupofolha.com.br

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