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O que a Folha pensa 11 de setembro

Tragédia afegã

Um ano após saída dos EUA, país vive crise humanitária e ameaça segurança global

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Guarda do Talibã em Cabul, capital do Afeganistão - Reuters

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O século 21 começou sob a égide do terrorismo e de tudo o que ele representa para o Ocidente, em especial a sensação de vulnerabilidade do fluxo incessante de bens e pessoas que marcou a globalização acelerada do pós-Guerra Fria.

A sucessão de ações militares lideradas ou inspiradas pelos norte-americanos após o 11 de Setembro tentou recuperar a ilusão de controle, com sucesso só relativo, do Afeganistão à Síria, passando por Iraque, Iêmen, Líbia e outros celeiros de grupos radicais islâmicos.

No casos afegão e iraquiano, além de intervenções para derrubar governos hostis, os EUA assumiram projetos de implantação de regimes espelhados nas democracias ocidentais. Foi um fracasso algo previsível, mais agudo em Cabul.

Ali, 20 anos de presença americana acabaram por redundar na volta dos anfitriões da Al Qaeda que golpeou Nova York e Washington em 2001, o grupo fundamentalista Talibã. Em 15 de agosto do ano passado, suas forças retomaram a capital afegã sem esforço.

Elas vieram amparadas no anúncio do presidente Joe Biden de que iria deixar de vez o país, cumprindo um acordo costurado pelo antecessor, Donald Trump. Foi a admissão de um fiasco espetacular.

As mãos lavadas possibilitariam o desengajamento de forças no sul da Ásia rumo a outras prioridades envolvendo a China, agora a rival estratégica da Casa Branca. Segundo o desenho, eventuais ameaças terroristas seriam tratadas com bombardeios precisos.

Para trás ficou o povo afegão, particularmente aqueles que não se opunham ao Ocidente —a imagem de desesperados caindo da fuselagem de um avião americano em fuga é mancha histórica indelével.

Em que pese a arbitrariedade da intervenção ocidental, houve ganhos que poderiam ter sido preservados, a começar por direitos de mulheres e minorias. Não demorou para que as promessas de comedimento dessem lugar à brutalidade do jugo de zelotes religiosos.

A crise humanitária se agravou, com 90% do país sob a linha de pobreza e 20% a mais de pessoas deslocadas de suas casas desde a saída dos ocidentais, segundo a ONU.

Mesmo sob a ótica mais cínica, o problema não tende a ser contido. Grupos radicais se disseminam, muitos rivais do Talibã. Se o mundo agora é palco renovado do embate entre potências, como mostram a guerra na Ucrânia e a crise em Taiwan, basta um atentado para que eles voltem a ser manchete.

editoriais@grupofolha.com.br

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