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Argentina no labirinto

Multiplicação de taxas de câmbio revela falta de rumo econômico no país vizinho

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Preços inflacionados no comércio de Buenos Aires - Juan Mabromata/AFP

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Incapaz de reverter a continuada deterioração da situação econômica, o governo argentino recorre a medidas que, não fossem dramáticas, seriam cômicas.

Sinal mais claro de desorganização é o ágio superior a 100% da cotação do dólar no mercado paralelo, clandestino, em relação à oficial, hoje de 149 pesos. A restrição ao acesso à moeda americana decorre da falta de reservas internacionais líquidas, que não passam de ínfimos US$ 2 bilhões, e boa parte da gestão é dedicada a tentar preservar ou obter divisas.

O acesso ao dólar oficial é permitido apenas para a compra de produtos considerados essenciais, como bens de capital e insumos para a indústria. Todo o resto da economia opera com valores diferentes.

Daí a existência de várias cotações cambiais definidas pelo governo, que vão se multiplicando conforme a conveniência da hora e já chegam a 15.

Uma das mais recentes foi apelidada de Coldplay, em alusão aos shows que a banda de mesmo nome faria no país. Com taxa ao redor de 200 pesos, seu objetivo é permitir que os organizadores locais de espetáculos possam contratar artistas a um custo acessível.

Há também o dólar Qatar, que viabiliza a viagem de interessados em assistir aos jogos da Copa do Mundo, mas restringe a saída de divisas pela imposição de uma taxa de 45% sobre a cotação oficial para gastos com cartão no exterior.

A modalidade, ademais, não vale para países limítrofes, e compras de bens considerados de luxo têm tarifa adicional de 25%.

Outro exemplo é o dólar soja. Também a 200 pesos, é um incentivo para os produtores venderem a moeda dos EUA ao governo argentino, que arca com o custo da diferença para a taxa oficial.

Ocorre que tal despesa eleva o déficit público, que precisa ser coberto por emissão de dívida local ou pela criação de pesos pelo Banco Central, pressionando ainda mais a inflação e a demanda por mais gastos de proteção social, num círculo vicioso.

Desvalorizar a moeda e acabar com as restrições cambiais tampouco é palatável na ausência de um programa fiscal crível, sempre o pano de fundo dos repetidos programas de ajuste negociados com o Fundo Monetário Internacional (FM) e nunca cumpridos.

É difícil antever mudanças relevantes, que exigem sacrifícios, antes da eleição presidencial do ano que vem. O país seguirá à deriva.

editoriais@grupofolha.com.br

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