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Com 'dólar Coldplay', Argentina já soma 15 cotações distintas para a moeda dos EUA

País tem restrições duras para a compra de divisas devido à baixa reserva de moeda estrangeira

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Buenos Aires

Com a criação dos dólares "Coldplay", para auxiliar os produtores de espetáculos, oferecendo a eles um dólar mais acessível para a contratação de artistas e de shows na Argentina, o dólar Qatar, que na verdade se aplica a qualquer compra no exterior com cartões de crédito, acrescidas de mais dois impostos (que podem chegar a 75% do valor da compra), a Argentina agora possui 15 tipos de cotações oficiais.

O dólar "Coldplay" permitirá que produtores possam contratar espetáculos estrangeiros por um dólar cotado a 200 pesos, ou seja, sem recorrer ao paralelo. O acesso ao dólar em sua cotação oficial (149 pesos) só é permitido para importação de bens de capitais e de compra de maquinárias e de insumos para a indústria.

Desde 2018, essas restrições para a compra de dólar ficaram ainda mais duras, devido a baixa reserva da moeda estrangeira no país. A compra de dólar ao valor oficial está praticamente proibida a particulares, que só podem comprar US$ 200 para fins de poupança, por mês. Se precisam de mais, devem recorrer ao mercado "blue", no qual a moeda norte-americana vale quase 285 pesos –em alguns locais clandestinos de venda, já chega a 300 pesos.

Pessoas em frente a uma loja de câmbio em Buenos Aires, Argentina - Martín Zabala - 20.jul.22/Xinhua

Conheça os dólares que estão em vigor no país:

O "dólar oficial" é disponível apenas a importadores de determinados bens para a indústria e exportadores que liquidem suas vendas no exterior, além dos bancos e o Banco Central. Para ter acesso a esse dólar, os importadores o fazem por meio do Banco Central, que também compra as divisas ingressadas pelos exportadores, para engrossar as magras reservas argentinas.

Já o "dólar minorista" é o preço a que os bancos vendem os bilhetes de dólar a seus clientes. Por conta das restrições acima explicadas, apenas é possível adquirir US$ 200 por mês, e mesmo assim o comprador deve estar registrado e cumprir certos requisitos, como justificar a razão da compra da moeda.

Existe também o "dólar solidário", que usa como base o oficial, mas com a aplicação de um imposto de 65%. Também possui uma limitação de US$ 200 por mês, e deve ser justificada. Se o "minorista" se volta mais a quem tem pretensões de poupar com essa moeda, o "solidário" se presta à compra de bens considerados essenciais, como relacionados à saúde.

O "dólar blue", ou paralelo/informal, é o que rege o mercado de preços da Argentina, por ser o único mais acessível, ainda que ilegal. A cotação do "blue" se aproxima aos 300 pesos, e é quase 100% mais cara que o oficial.

Operações bancárias, transferências vindas de outros países, gastos em dólar na Argentina são feitos em dólar oficial, o que prejudica quem recebe. Isso leva a que muitos argentinos que recebam dólares do exterior, prefiram faze-lo por meio de contas no Uruguai, que permite a retirada em dólar, ou que várias transações locais se realizem com os bilhetes de dólar, como compras de apartamentos e imóveis, que são em geral pagos em "cash", para evitar que custem o dobro.

O "dólar blue" é comercializado em casas de câmbio e por "arbolitos", vendedores avulsos. A atividade é ilegal, mas as autoridades fazem vista grossa para a maioria delas.

O "dólar Netflix" é o dólar aplicado a serviços de "streaming" estrangeiros pagos com cartão de crédito, como Netflix, Spotify, outros. Para pagar por esse serviço, se aplica o dólar oficial agregado de duas taxas, uma de 45% e outra de 8%, do chamado "imposto país", que se cobra sempre em que há uma compra realizada com moeda estrangeira.

Existe também o "dólar estrangeiro", que foi criado para que turistas estrangeiros não tivessem de recorrer à informalidade. A dificuldade de sua implementação, porém, resultou em baixíssima procura por parte dos turistas, que preferem aderir ao "blue", mais fácil e que compensa mais.

O dólar estrangeiro exige que o turista abra uma conta temporária, apenas pelos dias em que estará no país, no qual pode depositar até US$ 5.000. No momento de abertura da conta, recebe um cartão de débito, no qual pode realizar as transações necessárias em sua viagem no valor de um dólar intermediário entre o "blue" e o "oficial".

Segundo o governo, isso seria mais seguro para os turistas, que não teriam de se expor ao buscar vendedores ilegais. No final da viagem, o turista deve fechar a conta e o restante dos dólares é devolvido.

Em vigor apenas em temporada de venda da soja ao exterior, o chamado "dólar soja", permite que os exportadores recebam o resultado de suas vendas a um dólar na cotação de 200 pesos. No caso da soja, a principal reclamação são os impostos pagos ao governo, de 33%.

O "dólar Bolsa" é um tipo de câmbio que se aplica apenas para transações nesse mercado, e se obtém na compra de um título público e em sua venda. Sua cotação varia segundo o prazo entre uma ação e outra. Parecido ao "dólar Bolsa", há o "dólar contado com liquidação", cuja diferença é que os dólares resultados da transação são depositados no exterior.

Também parecido ao "dólar Bolsa" é o "dólar Senebi" (Segmento de Negociação Bilateral), aplicado a negociação de bônus.

Existem ainda os "dólares ADR", também parecidos ao dólar bolsa, mas com liquidação no exterior, e os "dólares Cedear", para ações cotadas em dólar no exterior.

Por fim, há também o "dólar Cripto", para aqueles que negociam compra e venda de criptomoedas, que são taxadas pelo Banco Central.

Os tipos de cotação oficial do dólar na Argentina

  1. Coldplay

  2. Qatar

  3. Oficial

  4. Minorista

  5. Solidário

  6. Blue

  7. Netflix

  8. Estrangeiro

  9. Soja

  10. Bolsa

  11. Dólar contado com liquidação

  12. Senebi

  13. ADR

  14. Cedear

  15. Cripto

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