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Espiral peruana

Protestos violentos refletem trajetória instável e corrosão da democracia

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Protesto contra a presidente Dina Boluarte, em Lima (Peru) - Angela Ponce/Reuters

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A aventura golpista de Pedro Castillo, ex-presidente do Peru, deixou graves sequelas. Parte de seus apoiadores vem realizando protestos, não raro violentos. O número de mortos passa de 50, e está ameaçada a continuidade do governo de Dina Boluarte, sucessora constitucional do populista deposto.

Os sinais de fragilidade do sistema político do país vizinho, cumpre notar, estão presentes desde o restabelecimento da democracia após o regime de Alberto Fujimori.

Alejandro Toledo (2001-2006) experimentou taxas de apenas 8% de aprovação. Sob sua gestão, marcada por uma série de escândalos pessoais e suspeitas de corrupção, teve início um ciclo consistente de crescimento econômico que funcionou como uma espécie de antídoto contra a destituição.

Algo semelhante ocorreu com Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016). Ambos terminaram os mandatos com baixa popularidade, apesar de o crescimento econômico (salvo na crise de 2009) ficar bem acima da média regional —esse fenômeno ficou conhecido como paradoxo peruano.

Mudanças foram observadas a partir da eleição de Pedro Pablo Kuczynski, em 2016. A economia —de base liberal, mantida mesmo por líderes mais à esquerda— continuou a produzir bons indicadores, mas a instabilidade política deixou de refletir-se apenas em pesquisas de popularidade: desde o impeachment de Kuczynski, em 2018, o Peru teve cinco presidentes.

Nem mesmo os líderes de governos anteriores foram poupados. Toledo está retido nos EUA, onde aguarda extradição para ser julgado por corrupção; García se suicidou em 2019, após ter prisão preventiva decretada; Humala também foi detido, mas hoje responde ao processo em liberdade.

Especialistas debatem o que estaria por trás da instabilidade peruana. Parte do problema deve-se ao desenho institucional do país.

Desequilíbrios entre os Poderes colocam o Executivo em conflito com o Legislativo, que tem facilidade para destituir o presidente. Esquemas de corrupção também entram na receita, além do esvaziamento dos partidos políticos, que se converteram em legendas de aluguel e grupos de interesse.

A população, especialmente a mais vulnerável, percebe a situação como um fracasso do regime democrático e se entrega aos protestos. Como não se vislumbram mudanças concretas, a crise política peruana tende a perdurar.

editoriais@grupofolha.com

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