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Ampliação heterodoxa do bloco fortalece China; Brasil assume posição secundária

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Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com líderes da China, África do Sul, Índia e representante da Rússia na cúpula do Brics - Li Xueren/Xinhua

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É conhecida a frase de Deng Xiaoping, o líder que abriu a porta para a China transformar-se na segunda maior economia do mundo, conforme a qual a cor do gato era irrelevante se ele fosse eficaz na função de caça ao rato.

Tratava-se da adoção de relações capitalistas por uma ditadura comunista —um híbrido que favoreceu a ascensão do PIB chinês a partir dos anos 2000.

Foi naquele contexto que surgiu o Bric, acrônimo para países cujos pontos em comum eram as vastas dimensões territoriais, o potencial econômico e a inclinação a desafiar a hegemonia americana. A Brasil, Rússia, Índia e China somou-se depois a África do Sul e o S do primeiro nome do país em inglês.

Pouco de concreto, contudo, foi levado adiante em 14 reuniões de cúpula até 2019. Um dos poucos instrumentos reais criados, o banco hoje liderado por Dilma Rousseff, tem sua liquidez questionada.

Mas o mundo mudou com o acirramento da disputa entre EUA e China, a crise provocada pela Covid-19 e a invasão russa da Ucrânia.

Ganhou força a ideia de reinvenção do Brics, que agora culmina no anúncio da expansão do clube a partir do convite a seis países em seu 15º encontro.

Aqui valeu a teoria de Deng, ao menos na escolha das monarquias absolutistas da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, riquíssimas. Felinos mais questionáveis são a Argentina em crise, a alquebrada Etiópia, a ditadura militar do Egito e a teocracia do Irã.

Se não importava a coloração política, faltou definir o sentido de negócios nessas últimas escolhas. Fica bastante difícil dissociá-las da mensagem que se pretende passar ao Ocidente liderado pelos EUA.

Afinal, a desdolarização está na ordem do dia, e a Rússia está em guerra contra um país armado pelo Ocidente. Os presentes à cúpula negaram antiamericanismo e, ao fim, não romperão laços comerciais com Washington. De todo modo, Pequim sai em posição de força.

Para o Brasil, em papel secundário consideradas as ambições de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pode haver oportunidades, mas isso depende do rumo que essa versão ampliada dos Brics tomará. Seu único tento marcado, a inclusão da Argentina no pacote, está à mercê da sucessão presidencial no vizinho turbulento.

Fica para análise futura o caso da emergente Índia, verdadeira equilibrista ao ser aliada dos EUA, amiga da Rússia e rival da China ao mesmo tempo em que divide cadeira no Brics com Xi Jinping.

Entusiastas somam PIBs para vislumbrar um bloco eficaz, mas tendem a ignorar que gatos não raro disputam o mesmo rato.

editoriais@grupofolha.com.br

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