Siga a folha

Descrição de chapéu
O que a Folha pensa Dengue

Na dengue, corremos atrás do prejuízo

Governos em todas as esferas falharam ao não se precaverem para sobrecarga do sistema gerada por surto previsto da doença

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Hospital de Campanha montado pela Força Aérea Brasileira para atender pacientes com dengue, em Brasília (DF) - Pedro Ladeira/Folhapress

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

A população brasileira já sabe que o ano começa com Carnaval, chuvas e dengue. Entretanto o surto da doença em 2024 quebra recordes. Nas cinco primeiras semanas epidemiológicas, o país registrou quase o dobro de casos ante o mesmo período de 2023, passando de 82.840 para 156.871.

O Distrito Federal, que decretou estado de emergência, tem a maior incidência, com 46.298 casos prováveis até domingo (4) —alta de 1.120% em relação a 2023.

Ao superar 10 mil diagnósticos, o estado do Rio de Janeiro também decretou estado de emergência; na capital, janeiro somou 362 internações, maior número desde 1974.

O pior é que a possibilidade de que a situação calamitosa se instaurasse não era desconhecida por autoridades do setor de saúde.

Os casos vêm aumentando em todo o mundo na última década, atingindo em 2023 até países anteriormente livres do vírus, como Itália, França e Espanha.

Na América Latina, cujo clima tropical é propício ao mosquito, o gráfico ascendente mostra 400 mil casos em 2000, seguido por 1,7 milhão (2010) e até 2,8 milhões (2022).

No Brasil, segundo a série histórica do Ministério da Saúde com início em 2000, a marca de 1 milhão foi cruzada pela primeira vez em 2015. No ano passado, houve 1.658.816 de casos, dado só superado pelos 1.688.688 de 2015.

De acordo com a OMS, a alta global se deve a mudanças climáticas, aumento de circulação de pessoas e urbanização desordenada. Países emergentes, como o Brasil, sofrem ainda com saneamento precário.

Não à toa, no ano passado o órgão emitiu dois alertas sobre picos de casos, acrescentando o fenômeno El Niño como fator importante para a escalada da doença.

Mesmo assim, o Ministério da Saúde não agilizou a burocracia para a distribuição pelo SUS da vacina japonesa Qdenga, autorizada pela Anvisa em março de 2023.

Como o imunizante exige duas doses em intervalo de três meses, e a farmacêutica responsável só consegue entregar cerca de 5 milhões de doses até novembro, por ora esse recurso terá efeito bastante limitado para dar conta do colapso.

A dengue é uma doença que sobrecarrega os aparelhos de saúde. Governos nas esferas federal, estadual e municipal também falharam ao não preparar a infraestrutura física, logística e de pessoal do sistema para lidar com a alta de pacientes, muitos agora atendidos em tendas improvisadas.

Com o estrago já feito, resta ao poder público correr contra o tempo para incrementar o atendimento, aliado a medidas de prevenção e conscientização. Segundo especialistas, o pior ainda está por vir.

editoriais@grupofolha.com.br

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas