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Fernanda Perrin

A capital política do mundo é solitária

Em Washington, sensação de isolamento alterna com relações transacionais (mas há pílula para tudo)

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Fernanda Perrin

Correspondente nos EUA, foi editora-adjunta de Mercado. É mestre em ciência política pela USP.

Washington

Washington é uma cidade solitária. Na epidemia do problema em curso nos EUA, a capital americana se destaca.

Quase metade de seus residentes moram sozinhos, fatia que vem crescendo ano a ano. Muitos estão de passagem; mudam-se para a cidade a trabalho e vão embora não muito tempo depois pelo mesmo motivo.

O home office dos tempos pandêmicos virou rotina para os quadros do governo federal, e sua ausência é sentida na cidade a ponto de ser um dos motivos apontados para o aumento da criminalidade na região central –que, afinal, ficou vazia.

Jovem em Washington, nos EUA - Mandel Ngan/AFP - AFP

Trabalha-se muito, e não ouso falar em "fora do expediente" porque esse é um conceito em extinção nessas bandas, mas mesmo em momentos supostamente de descontração, as antenas estão ligadas. Quantas vezes já troquei cartões de visita em festas e bares. Por motivos realmente profissionais.

De tão comum, a prática é uma piada corriqueira sobre Washington. É também um sintoma do caráter transacional das relações na capital política do mundo.

No ano passado, uma das principais autoridades médicas americanas emitiu um alerta apontando para o impacto da solidão na saúde mental, associada à depressão, e física –equivalente a fumar 15 cigarros por dia.

E assim surge uma oportunidade de negócio.

Pouco depois de chegar em Washington, comecei a ser bombardeada por anúncios nas redes sociais de produtos que prometem combater o cansaço e a falta de motivação, adesivos "veganos e sem glúten" para impulsionar a produtividade, suplementos para "tratar a ansiedade sem plano de saúde" e um sachê de "combate ao estresse". Alguns pediam para responder um questionário ou passar numa consulta online antes. Só.

As supostas curas são ilustrativas de um estilo de vida em que parece muito mais lógico comprar um remédio pelo Instagram na esperança de manter a roda girando, do que fazer o que afinal recomendam os médicos de verdade: socializar (aquele outro jeito, o que não é networking).

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