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Bolsonaro contamina PF com suspeita de ação política contra Witzel

Governador pode ser até culpado, mas movimento do presidente liga alarmes em palácios Brasil afora

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São Paulo

O governador Wilson Witzel (PSC-RJ) pode ser culpado, ou ter entre seus auxiliares pessoas responsáveis por malversação na instalação dos hospitais de campanha contra a Covid-19 no Rio de Janeiro.

Se há uma coisa que a bandidagem sabe fazer, em especial no Brasil, é encontrar meios criativos para drenar recursos públicos em situações em que, como diria o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), a distração geral permite "passar a boiada".

Carros da PF chegam ao Palácio das Laranjeiras, residência oficial de Witzel, nesta terça - Pilar Olivares/Reuters

Uma investigação séria tem de ser feita, até pelos indícios ora apresentados, mas é inescapável a sensação de que a operação estrondosa feita nesta manhã de terça (26) contra alvos diretamente ligados a Witzel soa suspeita. Aos motivos:

1 - A Polícia Federal do Rio era o objeto de desejo de Bolsonaro, pelos rolos judiciais de sua família e amigos, como o vídeo da infame reunião ministerial mostrou. Mas não só isso: o estado é comandado por um adversário visceral do presidente, que disse temer o uso do aparelho policial local para prejudicá-lo.

2 - Após a saída do ministro Sergio Moro do governo, a primeira medida do novo diretor da PF foi justamente trocar a superintendência fluminense.

3 - Na mesma reunião, falou-se livremente em prisão de governadores e prefeitos no contexto da pandemia, embora a discussão fosse acerca de medidas restritivas de movimento de pessoas pelos gestores locais da crise.

4 - Na véspera da operação desta terça, a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) sugeriu em entrevista que haveria operações policiais contra governadores. Como ela é uma espécie de estafeta de Bolsonaro, levando e trazendo recados e pessoas para o presidente, fica difícil achar que ela estava tendo um palpite divinatório.

O contexto geral é de guerra entre o Planalto e os estados. Há semanas os filhos do presidente postam em redes sociais suspeitas de malfeitos com dinheiro e equipamentos destinados ao combate da pandemia, isso para não falar na campanha constante para demonizar governadores.

Não por acaso, João Doria (PSDB-SP) e Witzel sempre estão à frente do grupo, devido à sua posição em favor de isolamento social contra o vírus. O fato de ambos serem presidenciáveis, o fluminense de forma declarada, apenas engrossa o caldo.

Há elementos subjacentes, como a crescente visão nos meios políticos de que o Superior Tribunal de Justiça é uma corte com inclinações bolsonaristas claras, apesar de sua diversa composição. O STJ é o foro em que apurações contra governadores ocorre. Já o Supremo Tribunal Federal é o alvo central das críticas do presidente.

As tintas do quadro se borram. Obviamente combate à corrupção, ainda mais em meio à tragédia humanitária em curso, é vital.

Mas, ao ser o primeiro a parabenizar a sua nova PF fluminense pela ação midiática contra um adversário, Bolsonaro apenas conseguiu reforçar a percepção de que sua intenção é ter uma policia política à mão. Isso é fatal para o próprio princípio do combate à corrupção.

Os alarmes estão ligados em palácios estaduais Brasil afora, a começar por aquelas instaladas no dos Bandeirantes.

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