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Eleições 2020 datafolha

Sem debate, Boulos perde mais do que Covas e campanha acaba em anticlímax

Tanto PSOL quanto PSDB queriam usar confronto para minar rival, mas estabilidade favorece prefeito

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São Paulo

Debates eleitorais são superestimados como definidores de eleições no Brasil, cortesia do famoso encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Collor de Mello (PRN) em 1989, ao qual foi dada tal importância.

Noves fora o fato de que a edição do evento no Jornal Nacional foi acusada pela derrota do petista, e não o debate em si, a mística ficou.

Às vezes ela se reforça, embora não seja aferível a não ser como história contrafactual. A ausência de Jair Bolsonaro dos debates após a facada que levou em setembro de 2018 sempre é lembrada como um fator em favor de sua eleição, por ter evitado sua desconstrução.

O engessamento das regras eleitorais para TV aberta, obrigando a miríade de candidatos de primeiro turno a estarem no ar, como ocorreu neste ano em São Paulo, também ajudou a diluir a potência do instrumento.

Ainda assim, o debate desta noite de sexta (27) entre Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), postulantes no domingo à Prefeitura de São Paulo, prometia um clímax para a acirrada campanha do segundo turno na capital.

O prefeito tucano tem, segundo o Datafolha revelou na quinta (26), 54% dos votos válidos, ante 46% do psolista. Mas Boulos animou sua militância com a redução na distância entre os dois, que foi de 16 para 8 pontos em uma semana.

A questão é que, desde a segunda (23), o quadro é de estabilidade nos números do Datafolha. Assim, o debate era visto no campo da esquerda como uma última oportunidade de acertar golpes retóricos contra Covas.

Eles estavam dados, e aqui não se trata do mérito: as suspeitas que rondam o vice do tucano, Ricardo Nunes (MDB), o manejo da pandemia do coronavírus, a distância estabelecida pelo prefeito do homem de quem herdou a cadeira, o hoje governador João Doria (PSDB).

Do lado tucano, o contra-ataque deveria seguir o padrão dos últimos dias: a inexperiência administrativa de Boulos e de seu partido, o radicalismo apontado por tucanos devido ao DNA do PSOL e de seu candidato no movimento do sem-teto, o risco de subordinação ao agora aliado PT.

O diagnóstico de infecção por Covid-19 de Boulos tirou do eleitor a oportunidade desse último cotejamento, ainda que vários grãos de sal sejam necessários para especular o eventual impacto de um encontro de alta tensão.

Como provaram em primeiro turno Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1998 e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2006, o debate inexistente tende a favorecer o incumbente. A vidraça de quem está no poder sempre é mais reluzente e ampla, e ambos os então presidentes só toparam enfrentamentos na segunda rodada, chegando à reeleição.

Entre lideranças tucanas, por sua vez, não houve celebração. Elas viam o debate como uma oportunidade de desconstrução de Boulos, e temem que o diagnóstico possa vir a ser associado com o discurso que o candidato do PSOL vinha fazendo, de acusar Covas de leniência com o coronavírus.

De todo modo, considerando o histórico em relação a candidatos à reeleição, o cancelamento anticlimático foi melhor para Covas do que para Boulos.

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