Siga a folha

Defesa de Cid sugere erro da investigação e diz que vídeo de reunião em nada muda delação

Advogado afirma que, se alguém errou, foram investigadores que não perguntaram sobre gravação com Bolsonaro

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

O advogado do tenente-coronel Mauro Cid, Cezar Roberto Bitencourt, avaliou como ótimo o vídeo divulgado na sexta-feira (9) da reunião ministerial de Jair Bolsonaro (PL) em que o ex-presidente e auxiliares discutem claramente cenários golpistas.

Bitencourt disse à Folha que o conteúdo da gravação serviu para mostrar uma postura "arbitrária, prepotente e de determinação" do ex-presidente. "Ninguém fala, e ele tentando armar, deu para ver", afirmou. "Eu adorei ouvir aquela audiência, a balbúrdia, a prepotência", acrescentou.

Apesar disso, ele disse que a divulgação "não muda em nada" o acordo de delação premiada firmado pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Mauro Cid e Jair Bolsonaro, em 2019 - Adriano Machado - 18.jun.19/Reuters

O advogado também afirmou não fazer a "menor ideia" se o militar será chamado novamente para depor por conta das revelações do vídeo, mas que Cid está à disposição. "Estamos nadando de braçada, estamos felizes. Cid está se sentindo bem e tranquilo", disse.

Questionado sobre os motivos de ele não ter falado antes sobre o vídeo, encontrado em seu computador pela Polícia Federal, a defesa afirmou que isso não faz diferença.

"Tem um monte de prova, de elementos. Ele não lembrava. Não faz a menor diferença", disse.

"Não sei quem gravou o vídeo, imagino que seja uma gravação oficial. Não estou preocupado com quem gravou, quem deixou de gravar. Isso não tem a menor importância, e sim o conteúdo do vídeo."

Além disso, o advogado disse que são "coisa" da mídia as especulações de que investigadores do caso não teriam gostado de Cid ter omitido a reunião em sua delação.

"Quando eu sou réu, sou investigado, e a autoridade policial me chama lá para ser ouvido, vou com o meu advogado —o melhor que eu tiver— e vou responder às perguntas que eles me fizeram. Ponto, acabou."

Ele também afirmou que, se alguém errou, foram os investigadores que não perguntaram sobre o vídeo.

"São anos de fatos, de acontecimentos, de coisas. Como é que eu vou lembrar? Quem tem de perguntar são as autoridades. Se você quer saber, eles fazem um rol de perguntas, centenas delas. Por horas e horas, lá, dando depoimentos. Eu vou lembrar? Vou ter que lembrar de detalhes de uma coisa? Quem tem que lembrar é quem investiga. Chama-se investigação. Eles investigam. Se alguém errou, falhou, foram eles."

O advogado disse também não ter preocupação sobre o diálogo achado entre Cid e o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira sobre o pagamento de R$ 100 mil para custear a ida de manifestantes à Brasília. "Se verificar o contexto em que ele falou, não temos nenhuma preocupação", disse.

O vídeo revelado mostra uma reunião realizada em 2022, a três meses do primeiro turno, em que Bolsonaro aparece propagando notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e pedindo que seus subordinados difundam essas alegações.

Ministros militares presentes, por sua vez, falam em necessidade de "virar a mesa" antes das eleições e que a comissão de transparência eleitoral do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) era para "inglês ver".

Trechos do vídeo foram transcritos na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou a operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal na quinta (8) e que investiga uma organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito.

A operação também mostrou que Cid, com ajuda de outras pessoas, monitorou a agenda e o deslocamento de Moraes, que também é presidente do TSE.

A ação da PF resultou na prisão de ex-assessores de Bolsonaro e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto —este por ter sido flagrado em posse ilegal de arma de fogo e com pepita de ouro.

Além do próprio Bolsonaro, o órgão mirou militares de alta patente e ex-ministros com mandados de busca e apreensão, entre eles os generais Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Walter Braga Netto (ex-Casa Civil e candidato a vice) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-Defesa).

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas