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Descrição de chapéu forças armadas

Exército tira Cid e outros 4 investigados em trama golpista de lista de promoção

Militares foram excluídos de ranking da turma da Academia Militar das Agulhas Negras

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Brasília

O Exército retirou nesta quinta-feira (11) o tenente-coronel Mauro Cid e outros quatro militares da lista de postulantes à promoção a coronel.

Os cinco militares são investigados pela Polícia Federal por suposta participação na trama golpista que buscava reverter o resultado das eleições de 2022 e, num golpe de Estado, manter Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República.

Mauro Cid (sem farda) em batalhão militar em Brasília, em 2023 - Pedro Ladeira - 9.set.23/Folhapress

Os nomes foram excluídos do Quadro de Acesso, uma espécie de ranking entre os militares que concorrem à promoção. A lista dos postulantes foi divulgada internamente nesta quinta, e a Folha confirmou o veto com duas pessoas com acesso ao documento.

O veto às promoções foi feito pela Comissão de Promoção de Oficiais, colegiado composto por 18 generais que analisa critérios objetivos e subjetivos para ranquear os militares que concorrem às promoções.

A justificativa para os vetos foi a permissão, segundo regimentos internos, de impedir que militares possam avançar na carreira se estiverem afastados dos cargos, mesmo que de forma provisória.

É o caso de Mauro Cid e dos tenentes-coroneis Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques de Almeida, Sergio Cavaliere e Ronald Ferreira. Os cinco estão sem função no Exército por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

A situação de Cid é ainda mais delicada porque, como está preso, há outros artigos da lei de promoções de oficiais que permitem o veto à promoção.

"O TC Cid encontra-se impedido no Quadro de Acesso por Merecimento, por incidir em artigo da Lei de Promoções dos Oficiais da Ativa das Forças Armadas (LPOAFA), onde se prevê que quando o militar for preso cautelarmente, este não poderá constar de qualquer quadro de acesso, enquanto a prisão não for revogada", disse o Exército, em nota.

Os militares poderão voltar à lista das promoções mais à frente, caso os investigados deixem de ser indiciados pela Polícia Federal, e o Supremo derrube as restrições impostas aos oficiais.

Como a Folha mostrou, Mauro Cid era um dos primeiros colocados de sua turma na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), cadetes formados em 2000. A expectativa entre colegas militares era que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro fosse promovido a coronel já na primeira oportunidade.

As promoções estão previstas para abril, agosto e dezembro de 2024.

Na primeira leva, cerca de 25% da turma será promovida a coronel —todos pelo critério de merecimento. As duas últimas vão promover 30% da turma cada.

Nem mesmo os problemas com a Justiça fizeram Mauro Cid perder pontos na carreira. Em 2023, o militar recebeu de seu chefe imediato a nota máxima atribuída pelo desempenho profissional.

O conceito, como é chamado internamente, é uma nota que varia de 1 a 6. Anualmente, cada oficial é avaliado pelo seu chefe direto, e o resultado é incluído na ficha do militar —sendo um dos critérios avaliados para as promoções ao longo da carreira.

Cid conseguiu a nota máxima mesmo tendo passado quatro meses preso e outros três afastado de suas funções. No último ano, o militar só trabalhou de fevereiro a maio no Comando de Operações Terrestres do Exército.

Esse é o primeiro caso de um militar delator que concorria à promoção dentro do Exército. O ineditismo da situação gerou desgaste dentro da Força.

Generais próximos do comandante do Exército, Tomás Paiva, afirmavam sob reserva que promover Mauro Cid enquanto o militar respondia a inquéritos policiais abriria crise com o governo Lula.

Vetar a promoção, por outro lado, pode causar efeito negativo entre os tenentes-coronéis que disputam o progresso na carreira, já que Cid é amigo dos militares e sua situação causa revolta entre colegas de turma.

O tenente-coronel Mauro Cid voltou a ser preso em 22 de março após a revista Veja divulgar áudios do militar com acusações de que a Polícia Federal o pressionava a falar mentiras em sua delação premiada.

"Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo", disse o ex-ajudante de ordens em um dos áudios.

O militar também teria feito duras críticas a Moraes. "O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação", afirmou.

"O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta, acho que essa é que é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR [procurador-geral da República] acata, aceita e ele prende todo mundo", concluiu Cid.

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