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Desafio para o agro é aumentar produção sem desmatamento

Restrição a importações anunciada pela União Europeia pressiona produtores brasileiros

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São Paulo

Para atender a crescente demanda do mercado, o agronegócio busca encontrar soluções viáveis para aumentar o cultivo sem recorrer à expansão de áreas.

Esse foi um dos pontos discutidos durante o primeiro painel da 7ª edição do seminário "Agronegócio Sustentável", realizado pela Folha com o apoio do Banco do Brasil na sexta-feira (26). O evento foi conduzido por Mauro Zafalon, colunista e repórter especial do jornal, que está há 35 anos à frente da coluna Vaivém das Commodities.

Da esq. p/ dir., Pedro de Camargo Neto, João Luís Avancini Farinha, Mauro Zafalon (mediador) e Ceres Hadich no auditório da Folha - Folhapress

Em abril de 2023, a União Europeia aprovou uma norma para proibir a venda de produtos ligados ao desmatamento nos 27 países do bloco. De acordo com a nova diretriz, itens e derivados de commodities deverão passar por uma auditoria antes de entrar nos países do bloco.

Para Pedro de Camargo Neto, que foi secretário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de 2001 a 2002, a aprovação da nova lei na União Europeia teve a omissão do governo brasileiro e do setor privado, que deveriam estar no Parlamento Europeu. "Indesculpável, tinha obrigação de estar lá."

Segundo Camargo Neto, o desmatamento ilegal precisa ser combatido com urgência, e a responsabilidade é do poder público. Para ele, o vazio criado pela falta de fiscalização não tem relação com o produtor rural, mas com os criminosos que aproveitam a situação. "O setor está pagando alto preço por essa ilegalidade."

O ex-secretário também aponta que há necessidade da reformulação do CAR (Cadastro Ambiental Rural). "A atualização do CAR deveria ser prioridade, com a sua utilização no combate da criminalidade." O Cadastro Ambiental Rural é um registro público e obrigatório para todos os imóveis rurais. A partir das informações cadastradas, é criada uma base de dados para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento.


Reveja os painéis do seminário:


O aumento da produtividade sem a necessidade de desmatamento é um objetivo possível para o agronegócio brasileiro. Segundo estudo de aptidão agrícola divulgado pela Serasa Experian, o plantio de soja no país pode aumentar em até 26,6 milhões de hectares sem a necessidade de devastação da floresta.

A integrante da direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Ceres Hadich afirma que a criação de modelos de cooperativas de pequenos produtores ajuda a formar uma agricultura mais sustentável. "Fortalecer as iniciativas de cooperação é fundamental. Temos que pensar em um modelo que agregue valor na produção de alimentos e que, de outro lado, potencialize a capacidade de massificação da agricultura familiar."

Segundo Hadich, o modelo de agricultura adotado pelo movimento é bem aceito no exterior. "Há várias experiências de exportação, principalmente das nossas agroindústrias e linhas de produção, como os derivados da cana, os grãos, chás e sucos."

Além da exportação de produtos, Hadich explica que o movimento vem estabelecendo parcerias e tem identificado o potencial no mercado externo do modelo de produção adotado pelo MST. "Há outras parcerias também, como trazer maquinários vindos da China, por exemplo. Eles são adaptados à agricultura familiar e necessários para o processo de massificação da agroecologia e de fortalecimento da agricultura familiar."

No último dia 7, o governo federal anunciou o Plano Safra de 2024/2025. Com o valor recorde de R$ 400,5 bilhões, o plano prevê diferentes programas voltados à inovação e modernização da atividade produtiva e linhas de crédito que beneficiam práticas sustentáveis no campo.

Segundo João Luís Avancini Farinha, executivo da diretoria de agronegócios do Banco do Brasil, a instituição financeira tem buscado trabalhar a liberação de crédito para pequenos e médios produtores e em planos de recuperação de áreas degradadas.

"O crédito é importante, mas sozinho não vai resolver o aumento da produtividade e sustentabilidade. É preciso ter uma continuidade dos programas, junto com tecnologia e órgãos técnicos, que permitam uma assertividade desses recursos", afirma Farinha.

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