Descrição de chapéu Agrofolha Governo Lula

Lula anuncia Plano Safra recorde de R$ 400,5 bi para se aproximar de base bolsonarista

Programa para 2024 e 2025 é lançado em momento de atrito com agronegócio por leilão do arroz

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Brasília

O presidente Lula (PT) anunciou nesta quarta-feira (3) o Plano Safra para 2024 e 2025 com a cifra recorde de R$ 400,5 bilhões.

O petista fez uma cerimônia com parlamentares e empresários do agronegócio em um movimento para tentar se aproximar do setor, que é uma das principais bases eleitorais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No seu discurso, fez diversos gestos à plateia. Ele disse que não governa ideologicamente e vai morrer sem perguntar em quem um empresário votou. "Não precisa gostar de mim. Eu certamente vou gostar de vocês, porque não desprezo possíveis eleitores", disse, arrancando risadas.

Lula segura abóbora durante lançamento do Plano Safra Familiar em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília - Gabriela Biló/Folhapress

"Por isso que fazemos Plano Safra melhor do que aqueles que parecem gostar de vocês e não gostam", disse, numa menção velada ao antecessor.

"Vou nascer e morrer sem nunca perguntar para um empresário brasileiro se ele gosta de mim ou se ele votou. Não é essa relação, não é casamento. Quero construir um país, sonho com país mais desenvolvido, padrão de classe média evoluído", completou.

O governo federal também anunciou R$ 108 milhões em recursos da linha de crédito LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) para complementar os incentivos do Plano Safra.

Apesar do esforço, a bancada ruralista no Congresso mantém críticas e diz que o plano precisa de ainda mais recursos para o seguro rural e para a equalização da taxa de juros cobradas dos produtores.

O programa como um todo terá R$ 400,5 bilhões, mas só uma parte desses recursos vem dos cofres públicos. O programa prevê linhas de crédito e incentivos para o setor, tendo como destinatários desde agricultores familiares a mega produtores.

O valor é superior ao do primeiro ano do governo Lula 3, quando foram anunciados R$ 364 bilhões para o financiamento da atividade agropecuária de médio e grandes agricultores.

Do total anunciado nesta quarta, R$ 293,2 bilhões serão voltados para custeio e comercialização e o restante para investimentos.

Além disso, R$ 189 bilhões terão taxas controladas e voltadas a produtores, cooperativas e Pronampe (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), enquanto os outros R$ 211,5 bilhões terão taxas livres

A quem estiver no Pronampe, o juros de custeio será de 8% ao ano e, no caso de investimentos, a taxa será variada de 7% a 12% ao ano.

O Plano Safra prevê ao menos 13 programas diferentes voltados à inovação e modernização da atividade produtiva. Também há linhas que beneficiam práticas sustentáveis, como a recuperação de áreas degradadas.

O anúncio acontece em um momento de novas dificuldades na relação com o agronegócio, que nas últimas eleições apoiou Bolsonaro em peso.

O setor e a bancada ruralista reagiram à iniciativa do governo de importar arroz para evitar a alta do preço do produto em decorrência da calamidade climática no Rio Grande do Sul.

Após problemas no leilão, com indícios de irregularidade, o governo decidiu anular o leilão. Durante esse processo, também houve a demissão do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, Neri Geller.

O Plano Safra é uma das principais apostas do governo Lula para se reaproximar do agronegócio, setor que esteve associado nos últimos anos com o bolsonarismo.

No entanto, o plano desse ano vem enfrentando alguns percalços e chegou a ter seu lançamento adiado uma vez. O governo trabalhava inicialmente com um novo recorde nos valores, ultrapassando R$ 500 bilhões —o valor anunciado ainda é recorde, mas está abaixo do esperado.

O próprio ministro Carlos Fávaro chegou a afirmar que pretendia fazer o lançamento no estado do Mato Grosso, um dos berços do agronegócio. Mas, com receio de resistência dos produtores locais, o evento foi realizado em Brasília, no Palácio do Planalto.

Representantes do agronegócio afirmaram ter gostado dos números apresentados pelo governo, mas viram problemas em dois componentes do programa —cerca de R$ 1 bilhão para o seguro rural e R$ R$ 16,5 bilhões para a equalização da taxa de juros. Na visão do setor, os valores são insuficientes para atender às demandas dos produtores rurais, apontaram membros da Frente Parlamentar da Agropecuária.

O lançamento ocorreu em uma cerimônia a parte da do Plano Safra para agricultura familiar, feita também nesta quarta, que terá terá R$ 76 bilhões de crédito.

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