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Novos condomínios terão espaço para festa no jardim e cinema a céu aberto

Incorporadoras integram escritório à área externa e criam ambiente para receber e guardar compras

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Cristiane Teixeira
São Paulo

A obrigação de ficar em casa durante a quarentena deve despertar o desejo de estar ao ar livre. É com esse pensamento que incorporadoras e escritórios de arquitetura têm revisto projetos de novos empreendimentos.

"Como ficaram mais tempo em casa, as pessoas estão com percepções diferentes de quando saíam cedo e chegavam só à noite", diz o professor Manuel Carlos Reis Martins, coordenador-executivo da certificação AQUA-HQE, da Fundação Vanzolini.

A ordem agora é usar toda e qualquer área descoberta para criar espaços de lazer.

Foi o que fez a You,inc. em um de seus novos empreendimentos que será construído em Perdizes, na zona oeste da capital. "Nós colocamos ao ar livre um lounge que seria interno e pretendemos levar essa ideia para outros projetos", diz Tatiana Muszkat, diretora institucional da empresa.

Chamado de garden festas, o novo ambiente é uma extensão da cozinha gourmet.

"Juntos, os dois espaços acomodam um minievento de família ou amigos, evitando a concentração de pessoas dentro de apartamentos compactos", explica Muszkat.

O cinema ao ar livre, novidade no segmento de moradia econômica, é uma proposta da incorporadora Cury para aproveitar o térreo compartilhado pelas torres dos condomínios que constrói em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A fachada de um dos prédios vai funcionar como tela e exibirá filmes, partidas de futebol e outras programações que vizinhos queiram assistir juntos, acomodados em pufes.

Mariana Miranda, gerente comercial da Cury, conta que as praças que já integram os empreendimentos serão equipadas com mesas, cadeiras e guarda-sóis para que food trucks possam estacionar lá e atender moradores que trabalham em casa.

A atenção das incorporadoras também se voltará para o alto. "O rooftop, que já vinha sendo explorado para ampliar as opções de lazer, será mais valorizado", afirma Carlos Borges, diretor-presidente da Tarjab, que tem obras em São Paulo e Curitiba.

As varandas também ganharam um novo fôlego. Os terraços devem marcar presença até em projetos onde antes eram considerados um luxo quase inacessível, os condomínios populares.

"Temos um lançamento programado para 2021 em que 100% das unidades terão varanda", diz Miranda, da Cury. Segundo a gerente, cerca de 40% dos imóveis de 35 a 40 metros quadrados da construtora contam hoje com um pequeno terraço. Essa proporção irá aumentar nos próximos projetos.

No novo cenário, a varanda adquire múltiplas funções, na opinião de Borges, da Tarjab.

"Ela pode ser um bom espaço de trabalho de segunda a sexta-feira, porque basta fechar a porta de vidro para isolar o barulho da casa. No fim de semana, a família volta a ocupá-la como área gourmet e de estar."

De prática antes adotada uma ou duas vezes na semana por algumas empresas, o home office se tornou imperativo para muitos desde o início da pandemia. Essa mudança também está sendo considerada nas plantas dos condomínios do futuro.

Os especialistas imaginam que, superada a crise sanitária, muita gente continuará trabalhando de casa, em tempo integral ou parcial. Daí a necessidade de planejar soluções adequadas para esse grupo, segundo Grazielli Gomes Rocha, sócia-diretora do Aflalo & Gasperini Arquitetos.

"Morar melhor virou sinônimo de trabalhar melhor", afirma a arquiteta. E continua: "Antes, bastava um escritório. Mas, agora, como faz um casal com dois filhos quando todos estão em reuniões a distância e videoaulas ao mesmo tempo?".

Ela acredita que a solução pode estar no coworking dentro do edifício e já se prepara para contemplar essa facilidade nos próximos residenciais desenhados por sua equipe —mesmo nos de alto padrão. Uma mudança grande, já que, na última década, entre as 25 propostas desenvolvidas, apenas uma atendia a essa demanda.

"A primeira pergunta de quem se interessa por um de nossos edifícios é se ele oferece coworking", afirma Muszkat, da You,inc. O ambiente é indispensável aos projetos da empresa, segundo a executiva, e vai crescer e ser aberto para o jardim sempre que possível.

Integrar o coworking, a academia de ginástica e a lavanderia coletiva ao exterior é a alternativa indicada por especialistas para tornar os espaços comuns mais ventilados e menos propícios ao contágio pelo novo coronavírus.

Assim, eles continuarão atendendo quem prefere se manter longe dos ambientes públicos. "A administração do condomínio deve garantir o revezamento por parte dos moradores, organizando os horários", diz Muszkat.

Outros espaços que ficarão mais comuns —e ajudarão a organizar a rotina do prédio— são as áreas para recebimento de compras e delivery, além de vestiários para funcionários dos moradores.

"Por uma questão de segurança sanitária, se os apartamentos não oferecerem um banheiro de serviço, o ideal é que no subsolo do edifício existam vestiários para as pessoas se higienizarem antes de entrar no espaço privado", sugere a arquiteta do escritório Aflalo & Gasperini.

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