De olho na Geórgia, Transdnístria celebra "independência"
A região separatista de Transdnístria, na ex-república soviética da Moldávia, celebrou nesta terça-feira o 18º aniversário de sua independência unilateral, com a esperança renovada de que, a exemplo do que ocorreu na Geórgia, consiga ser reconhecida ao menos pela Rússia.
Durante cerimônia na capital da Transdnístria, Tiraspol, o presidente da autoproclamada república, Igor Smirnov, afirmou que a região pretende continuar a busca pelo reconhecimento da autonomia. "As autoridades russas, ao reconhecer a independência da Abkházia e da Ossétia do Sul, ressaltaram a importância prioritária da expressão das nações que estão a se formar na resolução destes problemas", disse Smirnov.
Desde que a Rússia reconheceu a independência das duas províncias da Geórgia, os líderes separatistas moldávios vêm afirmando que a esperança de reconhecimento de sua própria independência foi renovado.
Na semana passada, o vice-ministro da Defesa da Transdnístria, Vladimir Atamaniuk, disse à agência de notícias russa Interfax que o reconhecimento é "uma questão de tempo". No mesmo dia, o embaixador russo na Moldávia, Valery Kuzmin, afirmou que a evolução dos conflitos no Cáucaso teria um efeito positivo no processo de paz da Transdnístria.
Semelhanças
Segundo o correspondente da BBC em Moscou Steve Rosenberg, "assim como a Ossétia do Sul, a Transdnístria é vítima da mania do [o ex-líder soviético] Josef Stálin de redesenhar fronteiras". "Quando Stálin dividiu a Ossétia, deixando parte com a Rússia e parte com a Geórgia, fez o mesmo com a Transdnístria, dividida entre a Ucrânia e ao que hoje é a Moldávia", ele afirmou.
A Transdnístria é uma estreita faixa na margem leste do rio Dniester, na fronteira com a Ucrânia. Depois da queda do comunismo, a região passou a lutar por sua independência da Moldávia, temendo uma possível unificação desta com a vizinha Romênia. A região rompeu as relações com o governo central moldávio após uma guerra civil no início da década de 90.
Desde então, tropas russas tentam manter a paz na região.
Moscou, apesar de não reconhecer a independência da província, forneceu apoio tanto econômico quanto político. Em 2006, a região realizou um polêmico plebiscito no qual a população defendeu sua autonomia e aprovou uma possível integração à Rússia.
Depois do conflito na Ossétia do Sul, o presidente russo, Dmitri Medvedev, alertou o presidente da Moldávia para não cometer o "mesmo erro", feito pelo seu colega na Geórgia, de usar a força para tentar reconquistar uma região separatista. Além disso, o Kremlin também já deu vários indícios de que uma solução política para o conflito na Transdnístria pode estar próxima.
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