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Café na Prensa - David Lucena
David Lucena
Descrição de chapéu América Latina

Café de R$ 65 mil por quilo é o mais caro do mundo; entenda o valor

Grãos da variedade geisha foram adquiridos em leilão no Panamá

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São Paulo

O mercado de cafés especiais tem testemunhado o desenvolvimento de grãos cada vez mais exclusivos –e caros– desde o início dos anos 2000. Alguns são vendidos a preços difíceis de acreditar.

Nesta quarta-feira (14), uma cafeteria de São Paulo chamou atenção ao vender uma xícara de café coado por R$ 128. Os grãos eram um geisha panamenho adquiridos pelo valor de US$ 600 (aproximadamente R$ 3.000 na cotação atual) por quilo.

Café coado sendo preparado em copos de degustação
Café coado sendo preparado em copos de degustação em São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

O atual recorde de café mais caro do mundo foi estabelecido em um leilão realizado em setembro de 2022, quando um lote da variedade geisha do produtor panamenho Lamastus Family Estates foi arrematado por impressionantes US$ 6.034 (aproximadamente R$ 30 mil) por libra –ou US$ 13.302 (cerca de R$ 65 mil) por quilo.

Quem desembolsou a bagatela foi um grupo de torrefadores de locais como Taiwan, Dubai e China.

No início deste ano, a cafeteria Proud Mary, com unidades na Austrália e nos Estados Unidos, chegou a cobrar US$ 150 (mais de R$ 700,00) por uma xícara de café –um geisha do Panamá no qual eles haviam pago mais de US$ 4 mil (R$ 20 mil) o quilo.

O geisha (ou gesha) é uma variedade de café arábica que surgiu no vilarejo de Geisha, na Etiópia –não tem, portanto, nenhuma relação com as gueixas da cultura japonesa.

Foi no Panamá, porém, que esta variedade de fato encontrou solo fértil e alcançou uma qualidade reconhecida mundialmente. Geralmente produz um café muito aromático, com notas florais e acidez balanceada.

Mas o sabor não é a única razão por trás desses preços exorbitantes. O barista James Hoffmann afirma no "The World Atlas of Coffee" (O Atlas Mundial do Café) que o setor imobiliário tem elevado os custos de produção no Panamá.

"Há uma grande demanda por terrenos por parte dos norte-americanos que desejam comprar uma casa em um país estável, bonito e relativamente barato. Muitas fazendas que antes produziam café agora foram vendidas como residências para expatriados", diz o pesquisador.

Além disso, afirma Hoffmann, o Panamá tem uma legislação trabalhista mais exigente. Assim, com salários mais altos pagos aos agricultores –nessas fazendas, toda a colheita é feita manualmente–, o custo acaba sendo repassado ao consumidor.

Os altíssimos valores que esses cafés atingiram têm gerado discussões no meio. Por um lado, reconhece-se a importância de remunerar bem os produtores por grãos excepcionais. Por outro lado, critica-se o fato de ser um produto excludente, já que poucas pessoas poderiam pagar valores tão altos por uma xícara.

Alguns especialistas criticam ainda a atenção exagerada dada a uma única variedade e falam que é preciso analisar todo o contexto (manejo, clima, processamento) para se compreender a qualidade e o preço de um café.

Além disso, dizem, há variedades que produzem cafés mais interessantes e complexos do que alguns dos caríssimos geishas.

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