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Café na Prensa - David Lucena
David Lucena

Café extraforte tem mais cafeína do que o tradicional?

Categoria costuma ter amargor excessivo e elevada adstringência

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São Paulo

Um dos fatores mais citados pelos brasileiros como motivo para tomar café é a disposição gerada a partir da ingestão de cafeína.

Então, pensando em dar uma injeção ainda maior de disposição, muitas pessoas recorrem ao chamado café extraforte. Mas será que ele tem mesmo mais cafeína do que os demais?

Pacotes vermelhos de cafés extrafortes em prateleiras de supermercado
Cafés extrafortes nas prateleiras de um supermercado de São Paulo - David Lucena/Folhapress

Em suma, extraforte, tradicional, superior, gourmet e especial são categorias de classificação do café que nada têm a ver com o teor de cafeína.

Elas são classes de qualidade estabelecidas pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), de modo geral, e pela BSCA (Brazilian Specialty Coffee Association), no caso dos cafés especiais. Quanto mais alta a categoria, maior a complexidade sensorial que o café apresenta.

Os cafés extrafortes na verdade são aqueles com uma torra exagerada, quase carbonizada, que resulta em uma bebida com um amargor muito forte e elevada adstringência.

Até o ano passado, a Abic utilizava notas em uma escala de 0 a 10 para determinar em qual categoria o café deveria se encaixar. Os cafés extraforte e tradicional eram os com a pontuação mais baixa. No início deste ano, contudo, a associação decidiu mudar os critérios.

Agora, a avaliação não leva mais em consideração a nota, mas sim o conjunto de atributos (doçura, acidez, amargor, adstringência, torra e intensidade). Veja abaixo a diferença entre as categorias de qualidade dos cafés.

Categorias de qualidade de café

Confira as diferenças entre café extraforte, tradicional, superior, gourmet e especial

  • Extraforte e tradicional

    Tem amargor intenso e é encorpado e adstringente. Na antiga classificação da Abic, eram os cafés com nota entre 4,5 e 5,9 em uma escala de 0 a 10 (os cafés abaixo de 4,5 são os chamados "fora de tipo"). Corresponde à maioria dos cafés consumidos no Brasil

  • Superior

    São menos amargos do que os tradicionais e extrafortes. Segundo a Abic, os cafés desta categoria têm amargor, doçura e acidez variando de leve a moderado. Podem apresentar notas sensoriais amendoadas e de chocolate. Na antiga classificação, eram os que atingiam notas entre 6 e 7,2

  • Gourmet

    É uma bebida com baixo amargor. Possui acidez e doçura que variam entre níveis moderado e alto. Destaca-se pelos atributos frutado e floral. Eram os cafés com notas acima de 7,3 na antiga classificação da Abic

  • Especial

    Diferentemente das categorias anteriores, esta não é atribuída pela Abic, mas sim pela BSCA, que avalia o café verde. São os cafés com ao menos 80 pontos na escala de 0 a 100. Os grãos não podem ter impurezas nem defeitos e produzem bebidas limpas e doces, com corpo e acidez equilibrados. Além disso, segundo a BSCA, eles devem ter rastreabilidade certificada e respeitar critérios de sustentabilidade socioambiental em todas as etapas de produção

Para identificar a categoria, basta procurar a informação na embalagem. Normalmente o rótulo trará o selo da Abic indicando a qual classe ele pertence. Se for um café especial, também pode ter o selo da BSCA.

O nível de cafeína de uma bebida varia conforme questões como a espécie –o café canéfora, em geral, possui o dobro de cafeína que o arábica– e o método de extração, mas independe do perfil sensorial.

Assim, o café extraforte é somente um café muito mais amargo, e não com mais cafeína. Logo, talvez você ganhe mais disposição somente pela alta quantidade de açúcar que terá que adicionar à bebida para deixá-la mais palatável.

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