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Café na Prensa - David Lucena
David Lucena

Torras clara, média e escura produzem cafés com sabores diferentes

Informação será obrigatória nos rótulos a partir de 2024; saiba o que esperar de cada tipo

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São Paulo

Provavelmente você já viu a informação sobre o ponto de torra em alguma embalagem de café. Mas, afinal, quais as diferenças de sabor entre um café de torra clara, média e escura?

O dado sobre o ponto de torra deverá constar obrigatoriamente nos rótulos, segundo portaria do Ministério da Agricultura que entrou em vigor no início deste ano. As empresas, contudo, têm até junho de 2024 para se adaptar.

A torra é um dos momentos mais cruciais na cadeia de produção. Se mal feita, pode estragar o café, por melhor que ele seja. Já uma torra bem realizada potencializa os bons sabores que um grão está apto a produzir.

Diferentes perfis de torra podem produzir cafés com notas sensoriais diversas - Bruno Santos/ Folhapress

De modo geral, um café de torra clara produz bebidas com maior acidez e menos amargor. Uma torra escura revelará um café mais amargo –popularmente conhecido como "café forte". Já na torra média, busca-se um equilíbrio entre os atributos.

Especialistas afirmam, contudo, que essa classificação tricotômica –clara, média e escura– é uma maneira muito simplista de abordar a questão.

Segundo Thiago Sabino, bicampeão brasileiro de baristas e sócio-fundador da Sabino Torrefação, essa categorização é ultrapassada, e o ponto de torra, por si só, não indica qualidade.

"Depende do que você está buscando na xícara e do que aquele café tem para entregar. É preciso entender o que o grão pode oferecer e, a partir daí, desenvolver um perfil de torra adequado", explica.

Acidez e notas frutadas são atributos muito valorizados no meio dos cafés especiais, motivo pelo qual as torras clara e média acabam se sobressaindo, uma vez que costumam valorizar mais esses aspectos.

Além disso, muitas vezes uma torra excessivamente escura é utilizada para mascarar a baixa qualidade do grão. Mas a questão não é tão simples.

A barista Rebecca Nogueira, dona do Um Bom Café e Q-Grader (avaliadora profissional de café), explica que, assim como torra escura não é sinônimo de baixa qualidade, o café de torra clara não é necessariamente superior.

"Um café pode ser bom ou ruim com a torra clara. Pode ser que precisasse ter estendido um pouco mais a curva de torra. E o café pode ficar com gosto de folha porque o grão está cru. Então a informação sobre o ponto de torra no rótulo não significa nada se não vier com os atributos", diz.

Ademais, ainda há uma preferência muito forte dos brasileiros por cafés mais intensos e com certo amargor, motivo pelo qual a torra escura tem bastante espaço no mercado.

No fim, trata-se de uma escolha que o consumidor faz conforme aquilo que ele busca na bebida, segundo explica Evaldo Gonçalves, Q-Grader e gerente de produção e operações da Orfeu.

"Se a pessoa gosta de um café ácido, torra clara. Prefere um café equilibrado, torra média. E se quer um café forte, torra escura", sintetiza.

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