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Café na Prensa - David Lucena
David Lucena

Consumo de café cresce no Oriente Médio, que aumenta compras do grão brasileiro

Países da região veem proliferação de cafeterias; Arábia Saudita puxa consumo, e entreposto em Dubai ganha protagonismo

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São Paulo

Países do Oriente Médio têm elevado significativamente o consumo de café. Grandes produtores, como o Brasil, exportam cada vez mais para a região, que vê uma multiplicação de cafeterias e fortes investimentos de empresas e de governos no setor.

Neste ano, de janeiro a outubro, o Brasil exportou mais de 2 milhões de sacas de café para países do Oriente Médio, um aumento de 50% em relação ao mesmo período do ano passado.

Pessoa serve um cappuccino fazendo desenho com leite sobre um café espresso
Mercado de café tem crescido no Oriente Médio, que vê uma proliferação de cafeterias - Chen Sihan/Xinhua

Dados fornecidos ao Café na Prensa pela Organização Internacional do Café mostram que a Arábia Saudita foi um dos que viram a maior disparada no consumo da bebida. Em 2000, o país foi responsável por apenas 380 mil sacas. Vinte anos depois, passou para o patamar de 2 milhões de sacas.

O consumo crescente tem atraído a atenção –e o investimento– de multinacionais do setor. Relatório publicado pelo World Coffee Portal no final de 2022 mostrou que o mercado do Oriente Médio cresceu 10,5% em 12 meses.

O relatório diz que o Oriente Médio se tornou "uma geografia chave para as principais cadeias internacionais de café" e viu o surgimento e aperfeiçoamento de vários operadores locais.

O Grupo Alshaya, que opera lojas da Starbucks na região, disse que almeja chegar à marca de 3.000 lojas no Oriente Médio até 2028.

Atualmente, a empresa já opera cerca de 2.000 unidades em países como Arábia Saudita, Egito, Jordânia e Kuwait. O objetivo é abrir mais 250 lojas por ano ao longo dos próximos cinco anos.

Só na Arábia Saudita, a Starbucks tem 440 lojas –mais do que o dobro do total de lojas que havia no Brasil antes do pedido de recuperação judicial da empresa que opera as unidades da franquia em solo brasileiro. Nos Emirados Árabes Unidos, há quase 300 cafeterias do Starbucks.

A rede Juan Valdez, espécie de Starbucks colombiana, também investe forte na região. A empresa anunciou que abrirá em dezembro sua primeira loja nos Emirados Árabes Unidos e que já planeja alcançar um total de 100 unidades no país.

Além de importar quantias cada vez maiores, a Arábia Saudita começa agora a investir fortemente no cultivo. O governo saudita criou a Saudi Coffee Company, empresa financiada pelo fundo de investimento público do país, com o objetivo de transformar a indústria cafeeira local.

No início de novembro, a companhia anunciou a criação de uma fazenda modelo de 1 milhão de metros quadrados em Jazan, região portuária no sudoeste do país. Nesta propriedade, a Saudi Coffee Company informou que pretende cultivar 5 milhões de pés de café até 2030.

A localização dos países árabes também contribui para que a região seja um importante polo de exportadores. Por estar próximo de países que produzem cafés de altíssima qualidade, como Quênia e Etiópia, negociantes baseados sobretudo em Dubai conseguem comprar os grãos dessas origens e, a partir do porto de Jebel Ali, em Dubai, exportar para países orientais com alta demanda por cafés de qualidade, como Japão, Coreia do Sul e Taiwan, por exemplo.

Em geral, esses cafés passam pelo DMCC (Dubai Multi Commodities Centre), uma zona franca que funciona como hub de exportadores de várias commodities. O centro tem um núcleo de café com infraestrutura bastante sofisticada, com serviços de armazenamento, processamento, torrefação e até embalagem de café.

"Se você olhar para Taiwan, Coreia e Singapura, mais de 75% do café especial etíope nesses três países vem de Dubai e não da Etiópia", diz Saeed Alsuwaidi, diretor de commodities agrícolas do DMCC.

Isso se explica justamente porque os traders compram os cafés da Etiópia —sexto maior produtor do mundo— e os processam em Dubai antes de exportar para esses países.

Alsuwaidi diz ainda que o volume de café que é comercializado por meio do DMCC cresce na ordem de 30% ao ano.

Essa localização geográfica faz do Oriente Médio um local com uma diversidade de cafés muito grande. Há desde os grãos importados do Brasil e Colômbia até os que são cultivados na Etiópia e Quênia, por exemplo. E isso é um dos fatores que tem ajudado a desenvolver o cenário de café especial na região, segundo Alsuwaidi.

"Se você quer um café original, fácil, estilo etíope, notas frutadas, você pode encontrar aqui. Se você quer um café estilo brasileiro, você pode encontrar aqui, e assim por diante", diz.

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