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Café na Prensa - David Lucena
David Lucena

Indústria busca soluções para reduzir emissões de carbono na torra do café

Empresa que fornece torrador para gigantes do setor diz ver crescer a busca por soluções de eficiência energética

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São Paulo

Grandes fabricantes de café no Brasil e no exterior têm buscado alternativas ao uso de gás no processo de torra, a fim de reduzir as emissões de carbono e se adequar às demandas do mercado por mais sustentabilidade.

Grãos de café marrom sobre uma superfície metálica com furos
Grãos de café em processo de resfriamento após a torra - Yuri CORTEZ/AFP

Segundo Thomas Koziorowski, diretor de tecnologia da Probat, uma das maiores fabricantes de torradores de café do mundo, a indústria cafeeira tem procurado soluções de eficiência energética tanto para reduzir as emissões quanto para economizar.

Fornecedor de equipamentos de torra para quase todas as grandes empresas do Brasil, como 3 Corações, Melitta e JDE –dona de marcas como Pilão e L’Or–, o grupo Probat tem percebido um interesse crescente do mercado pelo assunto.

A percepção é corroborada por Maximilian Josef Meyknecht, CEO da Leogap, fabricante de torradores baseada em Curitiba que pertence ao grupo Probat e que atende diretamente as demandas da indústria brasileira.

Embora ainda não usem tecnologias baseadas em fontes 100% renováveis, as empresas buscam soluções para tornar o processo de torra mais eficiente, de modo a gastar menos com insumos como gás, por exemplo.

Em geral, o café comercial é torrado usando propano ou gás natural. Na Europa, empresas passaram a questionar ainda mais o uso de gás no processo de torra após a eclosão da Guerra na Ucrânia, quando a Rússia chegou a cortar o fornecimento para o continente.

Apesar dessa busca por reduzir as emissões, diz Koziorowski, a etapa de torra não responde por uma parcela tão significativa da pegada de carbono registrada em toda a cadeia produtiva do café.

De fato, pesquisas indicam que as maiores quantidades de gases causadores do efeito estufa são emitidas no cultivo. Essa fase responde por entre 40% e 80% das emissões totais do ciclo de vida do café. A mecanização da lavoura, a irrigação e o uso de fertilizantes emissores de óxido nitroso são as principais justificativas para tamanha emissão.

O transporte é outra etapa com grande pegada de carbono. Isto porque Estados Unidos e Europa, que são os lugares que consomem as maiores quantidades de café do mundo, não cultivam o grão. Logo, todo o café produzido no mundo precisa ser transportado de lugares distantes, como África, Ásia e Américas Central e do Sul até as regiões consumidoras.

EMPRESA USA ATÉ BARCO A VELA

No Canadá, como o Café na Prensa mostrou, a Café William apostou em um torrador 100% elétrico, fabricado sob encomenda pela empresa alemã Neuhaus Neotec, como parte de um pacote de US$ 47 milhões (cerca de R$ 235 milhões) investidos na nova fábrica, sendo US$ 19 milhões (cerca de R$ 94 milhões) em tecnologias de eficiência energética.

A empresa, que diz tentar fabricar "o café mais sustentável possível", foi além do uso de energia renovável no processo de torra. Com o objetivo de reduzir as emissões decorrentes do frete marítimo, a torrefação baseada em Sherbrooke, na província de Quebec, transportou uma carga de café da Colômbia até a América do Norte em um barco a vela

Veja fotos e detalhes dessa travessia na galeria de imagens no início desta texto.

A empreitada foi feita em modo de teste, com o equivalente a apenas cinco contêineres de café. Agora, a empresa se prepara para uma carga de 50 contêineres, em jornada que está planejada para acontecer em outubro deste ano.

Veja abaixo o vídeo da travessia em barco a vela:

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