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Café na Prensa - David Lucena
David Lucena
Descrição de chapéu café

Cafés do Brasil buscam reconhecimento de origem inspirados em parmesão e champagne

Mercado discute como consolidar marcas de regiões brasileiras, a exemplo de origens estrangeiras consagradas

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Gramado (RS)

Você certamente conhece o queijo parmesão e o espumante Champagne. Mas já ouviu falar do café das Montanhas do Espírito Santo? Ou dos vinhos do Vale dos Vinhedos?

Esses são produtos com indicação geográfica (IG), que crescem em ritmo acelerado no Brasil, mas enfrentam o desafio de tornar suas marcas tão conhecidas quanto algumas estrangeiras mais consagradas.

Para discutir soluções para isso, representantes de 50 regiões participaram, no final de agosto, do evento "Connection - Terroirs do Brasil", em Gramado (RS). O congresso reuniu produtores de café, vinho, mel, queijos e doces, entre outros alimentos cujas características dependem fortemente das origens onde são produzidos.

A imagem mostra uma mesa com vários copos de papel contendo café. Há um mapa e gráficos coloridos sobre a mesa, indicando diferentes tipos de café. Uma mão está apontando para o mapa, enquanto outras pessoas estão interagindo com os copos. O ambiente parece ser de um evento de degustação de café.
Evento promove degustação guiada de cafés de diferentes regiões brasileiras - Anselmo Cunha/Divulgação

A IG consiste em um selo –que no Brasil é conferido pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial)– que reconhece uma região célebre pela produção de determinado produto.

Ela pode ser uma indicação de procedência (IP), que apenas delimita a região que tenha se tornado conhecida como centro de produção, ou denominação de origem (DO), que designa um produto cujas qualidades se devam ao meio geográfico.

O café é um dos principais alimentos brasileiros com a chamada indicação geográfica (IG). São 14 zonas produtoras com essa chancela: Conilon do Espírito Santo; Montanhas do Espírito Santo; Caparaó; Região da Canastra; Região das Matas de Minas; Campo das Vertentes; Mantiqueira de Minas; Região do Cerrado Mineiro; Sudoeste de Minas; Região de Pinhal; Região de Garça; Alta Mogiana; Norte Pioneiro do Paraná; e Matas de Rondônia.

Segundo Hulda Giesbrecht, coordenadora de Negócios de Base Tecnológica do Sebrae, um dos fatores que explicam o crescimento da busca pelo reconhecimento de indicação geográfica é o fato de que esses produtores perceberam o valor que o selo traz para o produto.

"As regiões entenderam que, se elas trabalharem unidas para mostrar as diferenças entre elas, vai ser muito melhor para o consumidor e para elas também. Porque a indicação geográfica é justamente isso. Eles são diferentes. Não é que um café é melhor que o outro. O que eles garantem ali é uma qualidade baseada na origem", diz.

Essa valorização do produto por meio do terroir opera em dois níveis. Por um lado, de fato existem aspectos geográficos que, assim como o vinho, conferem aos grãos de café um sabor característico daquela região. Mas existe outro fator: a questão humana e social.

Uma das características da chamada quarta onda do café especial é justamente a valorização do aspecto humano. Ou seja, quem produz aquele café e quais são as histórias daquelas pessoas. Essas questões ganham força sobretudo no mercado internacional.

Assim, é comum que cafeterias mais conceituadas da Europa e Estados Unidos apresentem, juntamente com a embalagem, uma pequena história da região onde o café é produzido.

"Quando a gente fala em indicações geográficas, a gente fala em histórias, a gente fala em famílias, a gente fala numa produção associada a valor agregado, gerando competitividade", diz Eduardo Zorzanello, da Rossi & Zorzanello, empresa que organizou o evento em parceria com o Sebrae.

"Essa união que existe entre os fatores naturais –essa composição do solo, do clima, das condições naturais– e o saber fazer humano faz com que a gente tenha essas denominações de origens diferenciadas", diz.

Durante o evento, foram organizadas degustações guiadas. Nelas, o público experimentava cafés de várias regiões do Brasil, a fim de analisar as diferenças entre as bebidas.

A maioria não conseguia identificar exatamente quais eram as notas sensoriais de cada indicação geográfica. Mas, de maneira geral, eles percebiam diferenças entre os cafés das diferentes regiões.

O experimento mostra que o brasileiro ainda está longe de se familiarizar com as denominações de origem dos produtos nacionais, mas educar o consumidor por meio de degustações guiadas pode ser um bom começo.

O jornalista viajou a convite do evento.

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