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Caio Guatelli

Júri americano condena motorista bêbado a pagar US$ 353 milhões por morte de ciclista

No Brasil, caso semelhante, de Marina Harkot, vai a julgamento na quarta-feira (14)

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"Espero que essa sentença sirva como recado para que as pessoas parem de dirigir alcoolizadas", disse Michael Inglis na quinta-feira (8), ao final do Júri que condenou Ryan Montoya a lhe pagar US$ 353 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) por matar sua mulher, a ciclista profissional Gwen Inglis.

O crime aconteceu na manhã de 16 de maio de 2021, em Denver (cidade no oeste dos Estados Unidos), quando Montoya dirigia seu carro sob o efeito de bebidas alcoólicas e atropelou Gwen enquanto ela praticava seu treino diário de ciclismo em uma estrada próxima a sua casa.

Mulher sobre bicicleta em largada de competição
A ciclista e campeã americana Gwen Inglis, atropelada e morta por motorista bêbado nos Estados Unidos - Arquivo pessoal

A conclusão do processo cível marca o fim de um martírio de 19 meses de um julgamento que já havia condenado Montoya a 8 anos de prisão no âmbito criminal em junho. "Reviver toda a história cada vez que entramos no tribunal é muito estressante e muito triste. O fim do processo cível encerra essa etapa. Ninguém merece passar por isso", disse Michael Inglis ao jornal televisivo CBS Colorado.

Gwen, que na época do crime tinha 46 anos, era a campeã norte-americana de ciclismo de estrada em sua categoria (45-49 anos). "Antes, ela já tinha vencido outros seis títulos nacionais de ciclismo, além de 10 títulos estaduais no Colorado (estado norte-americano)", lembrou o viúvo ao jornal local West World.

"Pedimos ao júri que nos dissesse como poderíamos dissuadir outros motoristas de dirigir alcoolizados e como poderíamos dissuadir os motoristas de ferir ciclistas. Pedimos a eles que avaliassem a incrível vida de Gwen Inglis e todas as perdas que seu marido Michael sofreu. O júri voltou com um veredicto de US$ 353 milhões", disse Megan Hottman, advogada da família Inglis, ao comemorar o desfecho do caso em sua conta do Instagram.

De acordo com comunicado divulgado pelo escritório de Hottman, dos US$ 353 milhões, 3 milhões são para cobrir as perdas econômicas (valor referente ao que Gwen contribuiria com a família se continuasse viva), 100 milhões são por perdas não econômicas da família, e 250 milhões se referem ao que o Júri descreveu como "punição para dissuadir futuros motoristas embriagados".

Homem em traje de prisioneiro
O americano Ryan Montoya, que atropelou e matou a ciclista Gwen Inglis nos Estados Unidos. Montoya foi condenado a pagar US$ 353 milhões à família de Inglis - Lakewood Police Dept.

No Brasil, um caso semelhante, o atropelamento da socióloga e cicloativista Marina Harkot, irá a julgamento na próxima quarta-feira (14), no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Na ocasião será julgado o recurso solicitado pelo atropelador de Marina, o empresário José Maria da Costa Júnior, que pede a anulação da decisão de levá-lo ao Tribunal do Júri no processo-crime em que é acusado de dirigir alcoolizado, atropelar, matar e fugir sem prestar socorro à Marina enquanto ela pedalava na avenida Paulo 6º (zona oeste da cidade de São Paulo) há pouco mais de dois anos.

A família de Marina prepara uma vigília, a partir das 8h30 de quarta-feira, em frente ao TJSP (Praça da Sé). "Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para não compactuar com a impunidade do motorista que causou a morte de Marina, terminando como tantos outros casos, impunes", afirmou em comunicado Paulo Harkot, pai da socióloga.

Segundo Priscila Pamela, advogada da família Harkot, uma outra ação, na esfera cível, será ajuizada pela família contra o empresário Costa Júnior. Para ela, a cifra obtida pela família de Gwen Inglis no processo americano é difícil de ser alcançada no Brasil. "Os padrões norte-americanos são muito distintos dos nossos. Por aqui as indenizações são horríveis, muito baixas, e ainda não se entendeu a concepção de dano, mesmo em caso de morte", disse a advogada.

José Maria da Costa Júnior quando se apresentou à Polícia de SP em 2020 (equerda), e retrato de Marina Harkot, atropelada e morta por Costa Júnior aos 28 anos de idade enquanto pedalava na avenida Paulo 6º. Foto TV Globo/Reprodução

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